A leptospirose, uma doença negligenciada e subnotificada segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ganha novos horizontes com a inovadora pesquisa desenvolvida pelos cientistas do Instituto Butantan. A equipe liderada pela renomada pesquisadora Ana Lucia Tabet Oller Nascimento alcançou um marco ao criar uma proteína quimérica revolucionária, denominada rChi2, para o diagnóstico mais eficaz da leptospirose, superando o teste padrão atualmente recomendado pela OMS.
O estudo, recentemente publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, revela que o teste com a proteína rChi2 foi capaz de detectar a leptospirose em mais de 70% dos pacientes que inicialmente receberam resultados falsos negativos nos primeiros dias de sintomas. Esse avanço representa uma mudança significativa na abordagem diagnóstica, especialmente em casos críticos, onde a mortalidade pode variar de 10% a 70%.
A proteína quimérica foi elaborada sinteticamente, combinando fragmentos das 10 principais proteínas de superfície da bactéria Leptospira, facilitando a rápida detecção pelo sistema imunológico durante uma infecção. Os resultados do diagnóstico sorológico utilizando a técnica ELISA foram promissores, com a rChi2 sendo reconhecida por anticorpos tanto nos estágios iniciais quanto na fase de recuperação, em impressionantes 75% e 82% das amostras, respectivamente.
Um dos aspectos mais notáveis do novo teste é sua especificidade, apresentando 99% de precisão e evitando reações cruzadas com outras doenças infecciosas como dengue, malária, HIV e Doenças de Chagas. Isso significa que o diagnóstico é altamente específico para a leptospirose, proporcionando uma abordagem mais confiável e precisa.
O método convencional de diagnóstico, conhecido como MAT, possui limitações, sendo demorado e complexo. A rChi2, por sua vez, oferece a vantagem de identificar a doença ainda na fase inicial, permitindo um tratamento precoce que pode significativamente melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O pedido de patente depositado em março de 2023 destaca o potencial comercial e a relevância global dessa inovação. A equipe do Butantan, ciente da importância do diagnóstico convencional para fins epidemiológicos, ressalta que o teste padrão continuará sendo aplicado. No entanto, a nova abordagem tem o poder de se tornar uma ferramenta crucial para identificar precocemente a leptospirose, abrindo caminho para futuros desenvolvimentos, como a criação de um teste rápido semelhante aos utilizados para a COVID-19, permitindo coleta por meio de urina ou sangue.
Em tempos em que a saúde pública é uma prioridade global, a pesquisa do Instituto Butantan não apenas oferece uma promissora solução para a leptospirose, mas também destaca a importância contínua da inovação científica na busca por diagnósticos mais eficazes e tratamentos mais acessíveis. A proteína quimérica rChi2 representa não apenas uma evolução tecnológica, mas uma nova esperança na luta contra uma doença que afeta milhões em todo o mundo.
Com informações News Labs
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