Em um mundo que, às vezes, parece cada vez mais individualista, a necessidade de bons espaços públicos — a qual sempre deveria ser um direito dos cidadãos em uma comunidade — não deve ser negligenciada. Mas o que caracteriza um espaço público, por que eles são tão importantes e o que pode ser feito para torná-los melhores?
Trata-se de áreas de domínio público que são abertas a todos e ficam à disposição do uso da população em geral. Mas mais do que isso, espaços públicos — parques, praças, museus, bibliotecas ou centros culturais, por exemplo — exercem um papel social importantíssimo na sociedade ao permitir não apenas a circulação entre pessoas de diferentes grupos, mas a interação entre elas.
Esses lugares contribuem para a integração entre os cidadãos, por mais diferentes que eles sejam, e ajudam a democratizar uma cidade e sua cultura. Ainda contribuem para a criação de uma identidade regional, encorajam a economia local e têm o poder de influenciar positivamente as vidas dos cidadãos, tanto em esfera física quanto mental.
Infelizmente, é muito comum andar pela cidade e observar espaços públicos praticamente abandonados. Ambientes que deveriam servir ao público estão constantemente, em muitas cidades, sujos, quebrados ou sem recursos. E considerando nossa tecnologia, que cresce tão rapidamente e já fornece possibilidades nunca antes imaginadas, é inadmissível que ela não seja utilizada para manter esses espaços e melhorar a qualidade de vida de comunidades inteiras.
Essa modernização, em alguns casos, nem precisa ser muito complexa — uma simples chapa de acrílico pode ajudar na sinalização de uma região, um mero banco de madeira pode fazer a diferença em uma praça e a instalação de lixeiras podem mudar a paisagem de um parque.
O que define um bom espaço público?
É claro que é importante prestar atenção nas necessidades específicas de uma região para saber o que melhorar. Nesse contexto, o Project for Public Spaces (Projeto por Espaços Públicos) — organização sem fins lucrativos baseada em Nova York e que tem o objetivo de manter, criar e divulgar a importância de espaços públicos — realizou uma extensa pesquisa para descobrir o que faz uma área dessas boa. O estudo revelou quatro principais aspectos compartilhados entre espaços públicos eficientes:
- Acesso e conexões: os espaços devem ser acessíveis, tanto de forma a acomodar pessoas com deficiências quanto a serem alcançados confortavelmente. Isso inclui a presença de caminhos, rampas e pisos táteis, por exemplo. A conexão do local com a rede de transporte público também é muito importante, além, obviamente, de uma região segura em volta do espaço.
- Conforto e imagem: os espaços devem ser agradáveis, confortáveis e de preferência, até bonitos. Para isso, é importante que eles — além de serem seguros — sejam limpos, bem mantidos, bem iluminados e ofereçam lugares para sentar.
- Usos e atividades: os espaços devem permitir que as pessoas realizem certas atividades neles e devem cumprir o papel a que se propõem. Por exemplo, uma biblioteca precisa estar equipada com uma boa quantidade de livros, além de mesas e cadeiras; já um parque obviamente exige um ambiente verde e arborizado com bancos e caminhos; uma quadra de esporte precisa de uma rede, gol, bolas de futebol e basquete; e assim vai. Independente do que for, o espaço precisa ter utilidade e estar apto a cumpri-la. É claro que, com mais opções de coisas para se fazer em um só lugar, ele tende a ser mais procurado.
- Sociabilidade: os espaços devem permitir a socialização entre as pessoas, servindo como ponto de encontro e ajudando a juntar indivíduos diferentes de uma comunidade. O ideal é que os indivíduos aumentem o alcance do espaço ao indicá-lo para seus amigos e familiares e ao levá-los para o local. Deve-se prestar atenção se há diversidade nos grupos de pessoas que frequentam o local, já que todos devem se sentir bem-vindos. Esse ponto é importante porque, como dito anteriormente, espaços públicos são maneiras de democratizar o espaço e as atividades e de promover a colaboração entre membros da sociedade.
A Project for Public Spaces ainda indica, em seu livro “How to turn a place around”, algumas outras diretrizes para a criação de espaços públicos que possam agregar à sociedade — começando com a prática de questionar a comunidade sobre suas próprias necessidades e envolvê-la na criação dos espaços, já que o projeto deve atender as pessoas da região. No caso da modernização, é preciso entender que conforme o mundo se transforma, as pessoas mudam com ele — e, portanto, os espaços públicos devem acompanhá-los.
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