Na manhã de ontem (20), a cidade de Francisco Beltrão amanheceu agitada com a Operação Rota Certa, coordenada pela 6ª Promotoria de Justiça e apoiada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A operação veio à tona após a investigação de possíveis crimes relacionados à fraude em licitações do transporte escolar, envolvendo empresários que teriam se unido para manipular o processo licitatório. Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos, e um dos envolvidos foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo, o que adicionou um tempero a mais na operação.
O rolo começou em 2023, quando o Ministério Público do Paraná (MPPR) começou a farejar movimentações suspeitas. Empresários ligados ao setor de transporte escolar teriam formado uma associação fantasma – sem sede, sem endereço, praticamente invisível no mapa – com o objetivo de controlar a licitação promovida pelo Município. Os caras já tinham combinado tudo: quem iria pegar qual rota, quanto cada um iria oferecer nos lances e, de quebra, bloquear a participação de outras empresas. O negócio era um cartel disfarçado de licitação.
Em um dos pregões eletrônicos, dois desses empresários foram pegos com a boca na botija, cruzando lances entre si, de forma que nenhum outro concorrente conseguiria competir. O esquema foi desmascarado, e os dois acabaram desclassificados, mas as apurações não pararam por aí.
O MPPR está agora investigando a fundo se houve, de fato, formação de cartel entre esses empresários e se o enriquecimento ilícito rolou solto. A suspeita é que o pessoal da associação tenha metido a mão em dinheiro que não era deles, garantindo privilégios em licitações fraudulentas. Também há indícios de que o valor oferecido pelas empresas não era viável para a prestação do serviço, com a promessa de que, depois, fariam aditivos contratuais pra cobrir o rombo.
E o caldo engrossa mais: o MP quer saber se servidores públicos estavam no esquema, facilitando o direcionamento das licitações. Se confirmadas, essas fraudes revelariam um esquema bem azeitado para driblar a concorrência e engordar os bolsos dos envolvidos.
Essa operação pode ser só a ponta do iceberg, mas já deixou claro que o MPPR e o Gaeco estão de olho vivo em práticas que minam a lisura dos processos públicos, principalmente quando se trata de algo tão sensível quanto o transporte escolar, que afeta diretamente a vida das crianças e jovens do município.
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