A Polícia Civil do Paraná, através da 19ª SDP de Francisco Beltrão, finalizou nesta sexta-feira (23) um inquérito que mexeu com os ânimos da comunidade. O caso envolvia o Marrecas Clube, instituição tradicional no município, e as investigações começaram depois de uma madrugada tensa, no dia 25 de maio de 2024. Naquela ocasião, as casas de dois conselheiros do clube foram atacadas com explosivos do tipo coquetel molotov. O momento dos ataques não foi aleatório: naquela mesma tarde, estava marcada uma assembleia geral, onde a principal pauta seria a discussão de atos da Diretoria Executiva, liderada pelo então presidente, que acabou virando o foco das investigações.
Os sócios do clube já vinham desconfiando das ações da diretoria, principalmente no que se referia à transparência nos gastos. Aquisições de materiais, insumos, serviços prestados e, claro, a prestação de contas eram pontos que geravam desconforto entre os membros. Na verdade, essa falta de clareza foi o que impulsionou a convocação da assembleia.
As vítimas dos ataques revelaram, durante as oitivas, que sofreram ameaças após começarem a questionar as finanças do clube. Simplesmente por pedir mais transparência, os conselheiros viraram alvos de intimidações.
Ao longo das investigações, a Polícia Civil solicitou e conseguiu a prisão temporária de dois suspeitos, que foi decretada inicialmente por 30 dias. Esses suspeitos, que tinham ligação direta com a administração do clube, foram presos no final de junho de 2024. Além das prisões, foram realizadas buscas e apreensões que resultaram na coleta de diversos documentos e provas que fortalecem as suspeitas. Mesmo após 30 dias, as prisões foram prorrogadas, mas acabaram revogadas pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
Esse primeiro inquérito resultou em um relatório robusto que aponta indícios claros da prática de 12 crimes, incluindo extorsão, furtos e ameaças. O então presidente do clube foi indiciado por nove crimes de furto e um de extorsão, enquanto outro investigado acabou sendo acusado de um crime de furto e um de ameaça.
O impacto financeiro desses crimes foi devastador para o Marrecas Clube. As investigações comprovaram que os prejuízos diretos ultrapassam noventa mil reais. Para piorar, uma auditoria revelou movimentações financeiras suspeitas que superam a marca de seiscentos mil reais. Esse rombo abalou ainda mais a confiança dos sócios e da comunidade em torno do clube.
O delegado Anderson Andrei, responsável pelo caso, destacou que, devido à complexidade das investigações, novos inquéritos serão instaurados. Entre as próximas etapas, estão apurações sobre crimes mais graves, como roubo majorado, associação criminosa armada e a emissão de duplicatas simuladas. O caso segue sendo investigado, e a expectativa é de que mais pessoas envolvidas nos desvios e nas ações criminosas sejam identificadas em breve. A comunidade de Francisco Beltrão segue atenta e aguardando os desdobramentos.
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