Na tarde de hoje (12), em Barracão/PR, a população também presenciou o fenômeno da "chuva preta", que tem causado estranheza em várias regiões do sul do Brasil. Assim como em Pelotas, Tiago Klug e outros moradores da cidade observaram a água da chuva tingida por uma coloração escura e incomum. O fenômeno, que já havia sido registrado em cidades gaúchas como Arroio Grande e São Lourenço do Sul, agora alcança também o Paraná, despertando ainda mais preocupação.
Tiago, um pecuarista de 44 anos de Pelotas, no Rio Grande do Sul, decidiu realizar um teste no último domingo ao ouvir falar sobre a possibilidade de chuva preta. Ele colocou um balde branco e limpo no centro do quintal de sua casa para ver se a água caía mesmo escura, sem passar por telhados ou paredes. No dia seguinte, ao conferir o balde, viu que a água coletada tinha uma coloração escura incomum. “Foi a coisa mais estranha que já vi”, relatou ele à BBC News Brasil. E essa mesma cena se repetiu em Barracão/PR, onde Adriano da Silva Sotel, morador, compartilhou nas redes sociais foto da água escura acumulada em um recipiente.
O fenômeno, causado pela mistura de fuligem presente na atmosfera e água da chuva, é explicado pela meteorologista Estael Sias, do MetSul. Ela esclarece que a fuligem é formada por nanopartículas de carbono negro, liberadas pela queima incompleta de materiais como combustível e madeira. Quando essa fumaça é transportada por ventos fortes, ela pode alcançar regiões distantes das queimadas, como aconteceu no sul do Brasil. Ao se condensar nas gotas de chuva, essas partículas de fuligem dão origem à chamada "chuva preta".
A fuligem começou a atingir o Rio Grande do Sul em agosto, trazida pelos ventos do Brasil central, e agora chega ao Paraná. O evento já causou preocupação em várias cidades, como Porto Alegre, onde escolas foram orientadas a não realizar atividades ao ar livre. Em Barracão, as pessoas também demonstraram espanto ao perceberem o escurecimento da água da chuva, um sinal claro de que o impacto das queimadas vai além das regiões diretamente afetadas pelos incêndios.
Além de ser um incômodo visual, a chuva preta traz à tona o debate sobre os efeitos das mudanças climáticas e da poluição atmosférica. Para Tiago Klug, que atua no agronegócio, o fenômeno levanta preocupações profissionais e pessoais. "Sou a favor da preservação e do cuidado com o ambiente. Há quem toque fogo em florestas, mas também há aqueles que agem de maneira criminosa, e isso acaba afetando a todos nós", afirmou o pecuarista.
Apesar de a chuva preta não ser considerada tóxica, ela pode sujar e danificar superfícies, além de ser um alerta sobre a fragilidade do meio ambiente. Enquanto meteorologistas afirmam que o fenômeno deve continuar se espalhando pelo sul do Brasil, a recomendação é que a população tome precauções, como evitar atividades ao ar livre e manter janelas fechadas. A chuva preta é um lembrete de que as ações humanas, como as queimadas, têm consequências muito mais amplas do que se imagina, alcançando até mesmo lugares como Barracão/PR.
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