Na noite da quarta-feira (23), uma tragédia abalou o interior de São Paulo, quando um avião de pequeno porte caiu durante uma forte tempestade, vitimando cinco pessoas. Entre elas, estavam o comandante Jefferson Rodrigues Ferreira, de 36 anos, o copiloto Dulcival da Conceição Santos, e a médica Sylvia Rausch Barreto, de 31 anos. Nenhum dos tripulantes sobreviveu ao acidente.
Jefferson, natural de Guanambi, no sudoeste da Bahia, era piloto há mais de 13 anos, acumulando mais de 5 mil horas de voo. Casado e sem filhos, ele dedicava sua vida à aviação e era admirado pela experiência e responsabilidade no ofício. Já Sylvia, nascida em Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, era médica formada pela Faculdade Unime e também atuava como empresária, sendo sócia de uma loja especializada na manutenção de dispositivos eletrônicos. Para seus amigos e familiares, a perda foi devastadora. Marcus Vinícius Barreto, seu grande amigo e quase irmão de coração, lamentou profundamente o falecimento. Ele e Sylvia nutriam uma amizade tão forte que transcendia qualquer entendimento comum, planejando recentemente uma viagem para que ela pudesse conhecer seus filhos pequenos. "A gente se considerava muito", desabafou Marcus, ainda incrédulo com a notícia que chegou ao grupo de WhatsApp da turma da escola.
O copiloto Dulcival da Conceição Santos, sergipano, também morava em Salvador, assim como os outros tripulantes. A aeronave, um Embraer-121 Xingu, decolou de Florianópolis com destino a Belo Horizonte e pertencia à empresa Abaeté Aviação, que confirmou que todos a bordo eram colaboradores. O voo tinha fins de traslado e o trajeto foi interrompido tragicamente quando o avião bateu em um morro na região de Santa Branca, no Vale do Paraíba, durante a tempestade. Relatos de moradores da área indicaram um barulho estranho no motor seguido de uma explosão, levando as autoridades a acreditarem que as condições climáticas possam ter contribuído para o acidente.
O resgate foi desafiador. Assim que a aeronave sumiu dos radares por volta das 18h39, as equipes de salvamento começaram as buscas, localizando os destroços durante a noite. No entanto, o trabalho de retirada dos corpos só pôde ser iniciado no dia seguinte, devido à baixa visibilidade e às difíceis condições do terreno. O local foi isolado para permitir o trabalho das autoridades competentes, como o Cenipa e a Polícia Técnica Científica, que serão responsáveis por investigar as causas exatas da queda e identificar as vítimas.
A dor das famílias agora se mistura com a busca por respostas. Enquanto o Brasil acompanha mais um capítulo trágico na aviação, os entes queridos das vítimas tentam lidar com a ausência e o vazio deixado pela perda repentina. Cada história interrompida pelo acidente carrega consigo sonhos e planos que jamais serão concretizados, como o desejo de Sylvia de se tornar obstetra ou o próximo voo de Jefferson. Uma queda que, além de marcar o céu de Santa Branca, deixa cicatrizes profundas nos corações de todos os envolvidos.
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