Nesta semana, o clima esquentou entre os líderes do PT, partido do presidente Lula, após um embate público que agitou os bastidores da legenda. A disputa se acirrou entre a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O motivo? Um mix de críticas ao desempenho eleitoral do PT e uma batalha interna por poder que pode determinar os rumos da sigla nos próximos anos.
Na segunda-feira, 28, após uma reunião com Lula em Brasília, Padilha comentou que, embora o PT tenha ampliado sua participação nas prefeituras, ainda é necessário realizar uma "avaliação profunda". Ele fez uma referência direta à situação do time no Brasileirão, dizendo que o partido ainda estava no "Z4", ou seja, entre aqueles que lutam contra o rebaixamento. A resposta de Gleisi foi rápida: em suas redes sociais, a presidente do PT disparou que o ministro deveria "focar" nas articulações políticas em vez de criticar o partido.
A situação se torna ainda mais interessante quando se considera o contexto em que Gleisi se reafirmou como líder do PT, anunciando que permanecerá no comando da sigla até junho de 2025. Desde 2017, ela é a presidente mais longeva da história do partido, e agora se vê em uma posição delicada. Para consolidar seu poder, Gleisi quer emplacar o nome do deputado José Guimarães, do Ceará, como seu sucessor. Guimarães se apresenta como uma figura forte após a vitória de Evandro Leitão em Fortaleza, o único prefeito de capital eleito pelo PT. A presidente do partido argumenta que essa vitória fortalece a candidatura de Guimarães.
Por outro lado, Padilha, junto com figuras como Fernando Haddad e José Dirceu, defende a escolha de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara e ex-ministro de Dilma Rousseff. Edinho, próximo de Lula, é visto como um candidato que não necessariamente dará continuidade ao trabalho de Gleisi, mas poderá abrir novos caminhos e alianças dentro do partido. Essa divisão revela uma linha de pensamento que vai além de preferências pessoais, envolvendo a estratégia do partido para as próximas eleições e a manutenção de poder no governo.
Outro aspecto importante dessa disputa é o futuro de Gleisi dentro do governo. Caso ela deixe o comando do PT, há a possibilidade de ser acomodada em um cargo na Esplanada dos Ministérios, o que poderia gerar uma nova configuração de poder no partido e no governo. Fontes afirmam que essa movimentação visa não apenas garantir a influência de Gleisi, mas também reforçar o nome de Guimarães, alinhando o Centrão a seus interesses. Assim, Gleisi poderia manter um pé na política, mesmo fora da presidência do PT.
O embate é marcado por alianças pragmáticas. Críticos dentro do PT apontam que, ao questionar o desempenho eleitoral do partido, Padilha estaria, na verdade, colocando em xeque a gestão de Gleisi, que já enfrentou momentos difíceis, como a Operação Lava Jato e a prisão de Lula. A avaliação é de que, apesar das dificuldades, Gleisi foi crucial para unir o partido até a eleição de Lula em 2022. Contudo, a falta de articulação e alianças pragmáticas têm sido um ponto de crítica. Gleisi se defende, alegando que ampliou as alianças nos últimos anos, mas os críticos insistem que o foco deve ser a aproximação com partidos do centro, ao invés de se restringir à esquerda, como ocorreu na eleição municipal em São Paulo em 2024, com nomes como Boulos (Psol) e Marta Suplicy (PT).
Esse embate, que vai além de meras disputas pessoais, reflete as complexidades do cenário político brasileiro e os desafios que o PT enfrentará nas próximas eleições. A briga por poder dentro do partido não é apenas uma questão de nomes, mas uma luta por visões e estratégias que podem determinar o futuro da legenda e, consequentemente, do governo. O que se vê é uma luta não apenas por cargos, mas por direções e identidades políticas em um cenário cada vez mais polarizado.
Mín. 10° Máx. 19°