A manhã de hoje (05), começou com o barulho de sirenes e a ação de mais de 50 agentes da Polícia Federal, o jogador Bruno Henrique, um dos destaques do Flamengo, viu sua rotina virar de cabeça para baixo. A operação que sacudiu os bastidores do futebol brasileiro investiga uma possível manipulação do mercado de cartões, um esquema que já vinha sendo sondado pela PF e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/DF). No epicentro disso tudo, esta um jogo que, à primeira vista, parecia ter sido apenas mais um capítulo difícil para o rubro-negro no Campeonato Brasileiro de 2023.

O jogo em questão foi contra o Santos, disputado no dia 1 de novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O Flamengo perdia por 2 a 1, já com Gerson expulso após confusão, e o clima era tenso dentro e fora das quatro linhas. Aos 50 minutos do segundo tempo, Bruno Henrique, já conhecido por sua intensidade em campo, fez uma falta em Soteldo que lhe rendeu um cartão amarelo. Pouco tempo depois, a situação piorou com uma reclamação veemente que levou à sua expulsão. No calor do momento, ninguém imaginava que esse lance específico atrairia os olhos de autoridades tão poderosas meses depois.

A operação se desenrolou em vários estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Distrito Federal. Com 12 mandados de busca e apreensão, a PF mirou não apenas residências particulares, mas também empresas e instalações do clube. Bruno Henrique, surpreendido em casa, teve documentos e aparelhos eletrônicos levados pelos agentes, enquanto sua empresa, a BH27 Oficial Ltda., e a DR3 - Consultoria Esportiva Ltda. também entraram na mira. A movimentação chamou a atenção de torcedores, jornalistas e curiosos que tentavam entender como um dos ídolos do Flamengo foi parar em tal enrascada.

A investigação teve início após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) comunicar dados levantados por entidades especializadas, como a International Betting Integrity Association (IBIA) e a Sportradar. Ambas haviam detectado movimentações suspeitas envolvendo o jogo em questão. As apurações revelaram que apostas no mercado de cartões teriam sido realizadas por familiares de Bruno Henrique e um grupo ainda sob investigação, sugerindo uma articulação que ia além de um simples descontrole em campo. Se comprovada, a prática se enquadra na Lei Geral do Esporte, com pena que varia de dois a seis anos de reclusão.

Enquanto isso, o silêncio de Bruno Henrique e do Flamengo ecoa, refletindo a tensão e a gravidade da situação. A torcida, sempre passional, se divide entre a incredulidade e a defesa do atacante, que tantas alegrias deu para o clube. 

Esse tipo de notícia ressoa forte no futebol brasileiro, que já viu sua reputação ser manchada por episódios de manipulação em outras ocasiões. No entanto, com um nome tão destacado como o de Bruno Henrique em foco, a situação ganha contornos mais profundos, escancarando a sombra das apostas que paira sobre o esporte.