Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morreu após explodir uma “bomba” em seu corpo e também o seu carro em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, na noite de quarta-feira (13/11/2024). Antes do incidente, ele havia publicado mensagens em suas redes sociais, nas quais expressava críticas a figuras políticas e fazia ameaças, o que levantou preocupações sobre sua saúde mental. Luiz, que foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo Partido Liberal (PL) em 2020, havia se distanciado de sua família e perdido contato com os parentes antes de seguir para Brasília.
Este trágico episódio destaca a necessidade de refletirmos sobre os limites da liberdade de expressão e os desafios da democracia em tempos de crescente polarização. Em uma sociedade democrática, todos devem ter o direito de expressar suas opiniões, inclusive quando estas desafiem as instituições ou as decisões de figuras públicas. No entanto, muitas vezes, a crítica legítima a essas instituições é rapidamente rotulada como antidemocrática ou radical, o que enfraquece o verdadeiro espírito democrático, que se baseia no respeito ao contraditório e no debate de ideias.
Embora seja importante reconhecer os discursos radicais que emergem tanto da direita quanto da esquerda, a solução para essa polarização não deve ser o silenciamento, mas o debate aberto e a construção de argumentos sólidos. A democracia precisa ser inclusiva, permitindo a expressão de todas as vozes, independentemente de sua posição política. Reprimir ou calar aqueles que se opõem à narrativa dominante não fortalece a democracia, mas enfraquece as bases do sistema, abrindo espaço para o autoritarismo.
O suicídio de Francisco Wanderley Luiz, embora trágico, reflete uma crise mais profunda de descontentamento e possível sofrimento psicológico, que pode ser desencadeada por frustrações políticas e pessoais. Ao invés de usar essa tragédia para justificar uma narrativa de "defesa da democracia", devemos ver isso como uma oportunidade para refletir sobre o distanciamento entre as instituições e o povo, e sobre a importância de ouvir todas as vozes em uma democracia verdadeira.