A prisão de Odair José Carvalho da Silva, conhecido como Nenê da Ambulância, chocou o Norte Pioneiro do Paraná e gerou uma onda de indignação em Salto do Itararé. Com 49 anos, vereador em fim de mandato e filiado ao União Brasil, Nenê é apontado como mandante do assassinato de João Domiciano Neto, o João Garré, também eleito pelo União Brasil, em um crime que escancarou as tensões políticas da região.
Motivação e o contexto político
O delegado Huarlei Oliveira, responsável pelo caso, afirmou que o crime teria motivação política. Nenê, que não conseguiu se reeleger, ocupava a posição de primeiro suplente de Garré, que obteve 133 votos, apenas quatro a mais que ele. Garré, com trajetória promissora e em seu segundo mandato como vereador, assumiria o cargo em janeiro de 2025. A proximidade dos números na eleição e a iminência da posse de Garré intensificaram o clima de rivalidade, culminando, segundo a polícia, na tragédia.
Execução do crime
O crime ocorreu na madrugada de 9 de novembro em Santana do Itararé, cidade vizinha a Salto do Itararé. Garré estava na casa de seus pais, idosos e com deficiência auditiva, o que impossibilitou que escutassem os disparos. Dois homens invadiram a residência: um entrou para executar o vereador, enquanto o outro permaneceu do lado de fora. Garré foi atingido por ao menos quatro tiros no tórax. Sua esposa encontrou o corpo minutos após a execução. Os suspeitos fugiram para Curitiba, onde foram mortos em confronto com a Polícia Militar no mesmo dia.
A investigação
A investigação revelou a participação de quatro pessoas no planejamento do assassinato, incluindo Nenê e seu filho, de 31 anos. Pai e filho foram presos em um hotel em São José dos Pinhais, a mais de 350 quilômetros do local do crime, no dia 18 de novembro. Segundo o delegado, o filho de Nenê ajudou na contratação dos atiradores, reforçando a tese de organização criminosa e homicídio qualificado.
O delegado Huarlei destacou que o inquérito ainda está em andamento e que os acusados serão interrogados. Ambos poderão responder por organização criminosa e homicídio qualificado, com agravantes como motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Repercussão local
A Câmara de Vereadores de Salto do Itararé destacou a importância do trabalho policial, enquanto a comunidade tenta lidar com o impacto da tragédia. A morte de Garré escancarou disputas políticas acirradas e um ambiente de rivalidade que foi além do debate democrático.
Defesa e próximos passos
O advogado de Nenê, José Valdeci de Paula, afirmou que aguarda o acesso ao inquérito para traçar a defesa de seu cliente. Enquanto isso, as investigações seguem em ritmo acelerado, com o objetivo de concluir o caso e submetê-lo à apreciação do Ministério Público e do Judiciário.
Um cenário de tensão
O assassinato de João Garré levanta questões sobre os limites da disputa política em pequenos municípios, onde a proximidade entre candidatos e eleitores pode criar rivalidades intensas. A tragédia em Salto do Itararé não apenas ceifou uma vida, mas também colocou em xeque a relação entre política e violência no Norte Pioneiro, deixando marcas profundas na comunidade local.