Dionísio Cerqueira viveu um capítulo emblemático de sua história com o desfecho da operação "Última Hora", que em 2015 abalou as estruturas políticas e sociais do município. Nove anos após acusações de um suposto esquema de fraude no pagamento de horas extras a servidores municipais, os envolvidos foram absolvidos em decisão unânime, colocando um ponto final em um processo que marcou profundamente a vida dos acusados e a confiança da população.
O Pesadelo de 2015
A operação "Última Hora", conduzida pela Polícia Civil, tinha como alvo o que foi chamado de "superpagamento" de horas extras, que em alguns casos dobrava os salários de servidores. Na época, prisões temporárias e afastamentos chamaram atenção. O então prefeito Altair Rittes (PT) chegou a ser afastado, gerando um clima de instabilidade e desconfiança.
Com um prejuízo estimado em R$ 6 milhões, quatro pessoas foram detidas: o secretário de saúde, a diretora do hospital, a secretária de assistência social e um servidor do setor de compras. A população, entre indignada e confusa, acompanhava os desdobramentos do caso, que se tornou símbolo de um momento difícil para a gestão pública local.
A Absolvição e o Alívio
Na coletiva de imprensa realizada em 14 de novembro de 2024, no Hotel Iguaçu, os olhares se voltaram para os absolvidos. Altair Rittes, João Carlos Stahl, Marilene Limberger e o advogado Adilson Pandolfo compartilharam suas reflexões e desabafos.
Com emoção evidente, Rittes afirmou que a justiça trouxe um alívio imensurável:
"Fomos julgados injustamente pela opinião pública, mas sempre acreditamos que a verdade venceria. Agora, é hora de seguir em paz."
Marilene Limberger trouxe à tona o peso do preconceito enfrentado: "Fui tratada como criminosa dentro da minha própria casa, na frente da minha família. Hoje, sei que essa absolvição limpa não só meu nome, mas também o legado que construí no serviço público."
Já João Carlos Stahl lamentou as cicatrizes deixadas pela operação: "A dor maior foi a destruição da minha reputação. Muitos não esperaram o julgamento para me condenar. Mas a justiça foi feita, e isso é o que importa agora."
O advogado Adilson Pandolfo, peça-chave no resultado favorável, destacou o longo trabalho para desmentir as acusações: "Foram nove anos de um verdadeiro calvário. Mas nunca desistimos, e a decisão unânime prova que tudo não passou de um equívoco judicial."
Reações e Futuro
O caso levantou debates entre os cerqueirenses. Muitos se questionaram sobre a responsabilidade das investigações de 2015 e o impacto de decisões precipitadas na vida dos acusados. Entre abraços e lágrimas na coletiva, ficou evidente que, apesar do alívio, as feridas emocionais e sociais levarão tempo para cicatrizar.
Sobre uma possível ação por danos morais contra o Estado, Adilson Pandolfo indicou que avaliará os próximos passos com cautela: "Não descartamos essa possibilidade, afinal, os danos foram reais e impactaram todos os aspectos da vida dos envolvidos."
Reflexões Finais
O caso "Última Hora" deixa um legado de lições sobre justiça, transparência e empatia. A absolvição, embora tardia, restaura não só a dignidade dos acusados, mas também a confiança de que, mesmo em meio a equívocos, a verdade pode prevalecer. Em Dionísio Cerqueira, o desfecho desse capítulo oferece esperança de tempos melhores, onde acusações sejam tratadas com responsabilidade e decisões baseadas em provas concretas, e não em suspeitas.