A manhã deste sábado (14) foi sacudida por uma notícia que causou rebuliço no cenário político e militar do Brasil: o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, foi preso pela Polícia Federal. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que também autorizou buscas na casa do militar em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Braga Netto está no centro das investigações da Operação Contragolpe, que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula. Segundo o relatório de quase 900 páginas, ele é mencionado 98 vezes, sendo acusado de orquestrar um plano para impedir a posse de Lula e até de tramar o assassinato do presidente, do vice Alckmin e do ministro Moraes. As acusações não são leves: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa, crimes que podem lhe render até 30 anos de cadeia.
Dinheiro em Embalagens de Vinho
Uma das peças-chave que levou Braga Netto para trás das grades foi a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo Cid, o general participou de reuniões clandestinas em novembro de 2022, onde circulou o plano batizado de “Copa 2022”. Para financiar essa suposta operação golpista, dinheiro vivo teria sido entregue a militares em embalagens de vinho — uma logística digna de filme de espionagem, mas com um gosto amargo de conspiração.
Os tais “kids pretos” das Forças Especiais do Exército, baseados em Goiânia, estariam cotados para executar o plano. Estimava-se um custo de R$ 100 mil para dar andamento à trama, incluindo monitorar Moraes e, se necessário, eliminá-lo, junto com Lula e Alckmin. É coisa pesada.
Outros Alvos: Coronel Peregrino e Documentos Explosivos
O braço direito de Braga Netto, o coronel Peregrino, também entrou na roda. A PF vasculhou a casa dele em Brasília e encontrou um documento golpista guardado numa pasta intitulada “memórias importantes” na sede do PL. Ali constava o plano “Lula não sobe a rampa”, deixando explícita a intenção de melar a posse do petista. Parece roteiro de série, mas foi tudo na vida real.
A Defesa Fala em “Inocência”
Enquanto a PF desfia o novelo das conspirações, a defesa de Braga Netto jura de pés juntos que ele não participou de nenhum plano golpista e muito menos de ideias de assassinato. Segundo os advogados, tudo não passa de uma narrativa inflamada, reforçada por delações que, sozinhas, não servem como prova na Justiça brasileira.
Desistir do Crime Não É Crime
Vale lembrar que no Brasil, planejar um crime e desistir antes da execução não configura crime. Assim, por mais cabeludas que sejam as denúncias, a defesa pode bater nessa tecla com força. Mas a prisão preventiva indica que Moraes e a PF veem risco concreto de interferência nas investigações ou de destruição de provas.
E Agora?
Braga Netto foi levado para Brasília, onde ficará sob custódia do Exército. A prisão do general mexe com os ânimos da ala militar bolsonarista e reacende o debate sobre até onde foi o envolvimento de figuras do alto escalão nos eventos pós-eleição de 2022. Uma coisa é certa: o jogo político está pegando fogo, e o xadrez judiciário ainda promete muitos lances surpreendentes.
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