A tragédia que marcou a tarde deste domingo, 22 de dezembro, ecoou entre os estados de Tocantins e Maranhão. A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, com seus 533 metros de extensão, cedeu de forma abrupta, interrompendo o fluxo de veículos e deixando um rastro de destruição no Rio Tocantins. A estrutura, inaugurada em 1960, era uma peça-chave para o transporte na região, ligando os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), e integrando importantes eixos rodoviários como a BR-226 e a BR-230, além da Ferrovia Norte-Sul.
No momento do desabamento, a ponte estava ocupada por diversos veículos. Dois caminhões carregados de materiais altamente perigosos – um transportando ácido sulfúrico e outro defensivo agrícola – caíram nas águas. A contaminação gerada por essas substâncias trouxe um agravante à tragédia, obrigando as equipes de resgate a suspender temporariamente as buscas por motivos de segurança. Pelo menos duas vidas foram confirmadas como perdidas, enquanto outras oito pessoas permanecem desaparecidas, aumentando o desespero e a angústia de familiares.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Ministério dos Transportes reagiram prontamente, alertando sobre a interdição total da BR-226 e coordenando os esforços de resgate. No entanto, as condições adversas impostas pela contaminação restringiram as buscas ao uso de botes, impossibilitando o emprego de mergulhadores, que seriam cruciais para vasculhar os destroços submersos.
A queda da ponte expõe não apenas uma tragédia humana, mas também a vulnerabilidade de infraestruturas que sustentam o tráfego de pessoas e mercadorias pelo Brasil. A ponte JK, ao longo de seus mais de 60 anos de história, havia se tornado um símbolo de conexão e desenvolvimento regional. Contudo, a falta de manutenção adequada e o desgaste natural parecem ter sido fatais.
Os moradores da região, que dependem da ponte para atividades econômicas e sociais, estão perplexos e revoltados. “Sempre teve remendo aqui e ali, mas manutenção de verdade nunca fizeram”, reclamou um caminhoneiro que passa frequentemente pela BR-226. Para ele e muitos outros, a queda da ponte não foi uma surpresa, mas sim um acidente anunciado.
A tragédia também gerou uma crise ambiental no Rio Tocantins, com as substâncias tóxicas liberadas no desabamento representando um risco para a fauna aquática e para as populações ribeirinhas que dependem do rio. Autoridades ambientais estão monitorando a situação, mas os impactos a longo prazo permanecem incertos.
Agora, além da dor pela perda de vidas e do impacto ambiental, a região enfrenta o desafio de reconstruir uma ligação vital. A pergunta que ecoa entre os moradores é se o governo será ágil e eficiente na resposta, ou se a ponte JK se tornará mais um monumento ao descaso que, infelizmente, se faz tão presente em muitos cantos do Brasil.
Gente o que tá acontecendo nesse final de ano? A ponte de Estreito que liga Maranhão com o Tocantins acaba de cair. Tinha carros e caminhões no momento pic.twitter.com/nbH2Yt17EI
— uma karen (@karenalynne) December 22, 2024
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