Era uma quinta-feira(26) em Pato Branco, quando a calmaria do início da tarde foi interrompida pelo som de dois tiros para o alto. Quem passava em frente a um estabelecimento comercial não sabia se era um protesto alá faroeste, uma cena de filme ou um ensaio para a Festa Junina fora de época com efeitos especiais. Logo, a Polícia Militar foi acionada para investigar o que mais parecia um episódio de série policial mal roteirizada.
Os autores da "performance", dois homens devidamente desprovidos de bom senso, deram um show de trapalhadas. Primeiro, usaram uma Ford/Ranger prata e um VW/Gol como veículos de fuga. Detalhe: o Gol, “coitado, parecia mais perdido que cachorro em dia de mudança, e acabou sendo o herói sem capa que entregou toda a treta”.
Graças às câmeras de segurança do local, a polícia logo identificou a caminhonete. Um clique aqui, outro ali, e o sistema revelou a dona da Ranger e o endereço dos participantes dessa comédia de erros. A caça aos envolvidos foi lançada: um endereço no bairro Aeroporto, em Pato Branco, e outro na zona rural de Bom Sucesso do Sul.
Foi na zona rural que a situação ficou ainda mais cômica. O motorista do Gol, cheio de sinceridade ou talvez tentando reduzir a bronca, contou a história toda: eles teriam discutido com um motociclista (provavelmente sobre quem tinha a pior mira ou a maior paciência), e um dos comparsas decidiu dar dois tiros para o alto, possivelmente achando que estava numa cena de faroeste.
Depois do show pirotécnico, os gênios do crime resolveram guardar a arma na casa de um conhecido, como quem esconde o controle remoto quando não quer dividir a TV. Mas, como a PM não é boba nem nada, foi lá conferir e descobriu que a residência era praticamente uma filial do "Clube do Tiro Rural".
A lista de achados parecia um catálogo de loja de armas: duas pistolas (9mm e calibre 380), um rifle calibre 38, uma espingarda calibre 36, uma espingarda de pressão e mais munições do que uma locadora de filmes de ação poderia imaginar. Pra fechar com chave de ouro, ainda tinha 17 gramas de maconha e uma balança de precisão, porque, aparentemente, o dono da casa gostava de brincar de "Breaking Bad" nos fins de semana.
Tudo – armas, drogas, munições e os “astros” do espetáculo – foi enviado à 12ª Central Regional de Flagrantes de Pato Branco. E, enquanto os envolvidos explicavam o roteiro da confusão às autoridades, o Gol, “fiel cúmplice, descansava silenciosamente, como quem sabia que sem ele, esse episódio jamais teria sido desvendado”.
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