O reajuste do salário mínimo, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trouxe consigo uma importante mudança para os trabalhadores brasileiros, que terão uma limitação no aumento do piso salarial até 2030. A nova regra, que faz parte das medidas fiscais de contenção de gastos do governo, estabelece que os reajustes, a partir de agora, dependerão das receitas públicas do ano anterior e seguirão um intervalo do arcabouço fiscal. Ou seja, o aumento acima da inflação será limitado, podendo variar entre 0,6% e 2,5%, dependendo dos resultados econômicos do ano anterior.
Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1.412, e a previsão para 2025 é que ele alcance R$ 1.518, com uma taxa de reajuste de 2,5%. A definição do valor exato será formalizada por um decreto do presidente Lula. Para entender essa mudança, é importante ressaltar que o cálculo do reajuste leva em conta a soma de dois fatores: a inflação acumulada dos últimos 12 meses, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), e o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo ano anterior. Contudo, esse reajuste fica restrito ao teto de 2,5%, o que representa um impacto direto nas finanças públicas.
Em 2023, o PIB brasileiro foi revisado para 3,2%, o que, na prática, faz com que o aumento real do salário mínimo seja inferior ao que seria se a correção não estivesse limitada. Essa mudança nas regras fiscais deve resultar em uma economia de cerca de R$ 5,2 bilhões, conforme as estimativas da equipe econômica do governo federal.
O salário mínimo é um indicador crucial para a economia, já que afeta diretamente os valores das aposentadorias, pensões e diversos benefícios pagos pelo INSS, como o seguro-desemprego, o abono salarial PIS/Pasep e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Essa limitação no reajuste, portanto, também impacta milhões de brasileiros que dependem desses benefícios para a sua sobrevivência.
Os reajustes dos últimos anos mostram um histórico de crescimento progressivo do salário mínimo, com aumentos anuais que acompanharam, em sua maioria, a inflação e o crescimento do PIB. Em 2024, por exemplo, o reajuste foi de 6,97%, elevando o piso salarial para R$ 1.412, um aumento significativo em relação ao valor de 2023, que foi de R$ 1.320,00. Mas com a nova regra em vigor, os próximos aumentos terão que se ajustar à realidade fiscal do país, o que representa um cenário de maior cautela para os trabalhadores e aposentados que dependem do salário mínimo para garantir sua qualidade de vida.
Essa mudança pode ser vista como uma medida de prudência fiscal, considerando o cenário econômico atual, mas também levanta questionamentos sobre o impacto que ela terá sobre o poder de compra das famílias brasileiras, especialmente as de baixa renda. É um tema que certamente continuará gerando debate, pois o salário mínimo não é apenas um indicador econômico, mas também uma medida de justiça social.
Mín. 16° Máx. 31°