O fim de ano em Torres (RS) foi marcado por uma tragédia que abalou a comunidade local e chocou o Brasil. O caso de envenenamento com arsênio, que vitimou três pessoas da mesma família e deixou outras hospitalizadas, levanta questões sobre as motivações, o acesso ao veneno e as relações familiares que culminaram nesse crime brutal. A nora da família, Deise Moura dos Anjos, está no centro das investigações, apontada como principal suspeita.
A Descoberta do Crime
Tudo aconteceu durante um café da tarde, em 23 de dezembro de 2024. O bolo, preparado por Zeli dos Anjos, parecia inofensivo, mas logo após ser consumido, os primeiros sintomas de intoxicação começaram a aparecer. Algumas pessoas notaram um gosto estranho, semelhante a algo apimentado, e interromperam a refeição. Apesar da interrupção, o estrago já estava feito. Três mulheres – Neuza Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Tatiana Denize Silva dos Anjos – faleceram em poucas horas devido à alta concentração de arsênio detectada em seus organismos.
As Investigações
Segundo informações da RBSTV, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) constatou que a farinha usada no preparo do bolo continha níveis letais de arsênio. Amostras coletadas na casa da família confirmaram a presença da substância. Segundo a Polícia Civil, Deise, nora de Zeli, realizou buscas na internet sobre arsênio e seus usos pouco antes do crime. Essas evidências, associadas a relatos sobre desavenças familiares, fortaleceram as suspeitas contra ela.
O delegado Marcus Vinícius Veloso afirmou que as provas são robustas e indicam que Deise agiu de forma premeditada, com intenção clara de envenenar o bolo. Entretanto, a investigação enfrenta desafios, como determinar o alvo exato do crime e esclarecer como Deise obteve o veneno, já que o arsênio é proibido no Brasil.
A Linha do Tempo e os Impactos
O envenenamento não só causou mortes, mas deixou um rastro de desconfiança e dor entre os envolvidos. A vítima Zeli, que preparou o bolo, comeu duas fatias e apresentou a maior concentração de arsênio no sangue, mas sobreviveu. A criança de 10 anos e outros dois homens que também ingeriram o doce receberam atendimento médico e já se recuperaram.
Enquanto isso, a suspeita Deise está detida preventivamente no Presídio Estadual Feminino de Torres. Acusada de triplo homicídio e tentativa de homicídio duplamente qualificados, ela pode enfrentar uma pena severa caso seja condenada.
Arsênio: O Veneno Silencioso
O arsênio é conhecido por sua alta toxicidade e difícil detecção. Inodoro e insípido, ele já foi amplamente utilizado como raticida e em pesticidas, mas hoje seu uso é altamente restrito. Estudos apontam que doses mínimas de 35 microgramas podem ser fatais. No caso de Torres, as concentrações encontradas foram até 350 vezes maiores, evidenciando a intenção deliberada de provocar mortes.
Mín. 16° Máx. 31°