Na noite de domingo, dia 26, a cidade de Passos Maia, localizada no Oeste catarinense, foi palco de um crime que chocou a comunidade e expôs uma triste realidade de violência e abuso dentro de um ambiente que deveria ser de proteção e cuidado. Um homem de 59 anos foi preso preventivamente, acusado de estuprar sua enteada, uma adolescente de 16 anos que possui problemas mentais. O caso, que veio à tona após denúncias encaminhadas pelas conselheiras tutelares da região, revela detalhes perturbadores e levanta questões sobre a cumplicidade e a omissão de quem deveria zelar pela segurança da vítima.
Segundo informações da Polícia Civil, as investigações começaram após as conselheiras tutelares repassarem relatos dos abusos sexuais sofridos pela jovem. Um inquérito policial foi aberto, e as equipes iniciaram uma série de diligências para apurar os fatos. Entre as medidas tomadas, destacam-se a realização de um exame de corpo de delito, a entrevista da vítima com uma psicóloga policial e a coleta de depoimentos de testemunhas e da genitora da menor. Esta última, conforme apurado, tinha conhecimento dos abusos, mas nada fez para impedir que a filha continuasse a ser vítima de tamanha crueldade.
O suspeito, aproveitando-se da deficiência intelectual da adolescente, oferecia a quantia de R$ 300 para que ela realizasse sexo oral nele. Segundo os depoimentos, essa situação ocorreu repetidas vezes, configurando um ciclo de violência e exploração que se arrastou por um período indeterminado. A própria vítima relatou que a mãe estava ciente dos crimes, já que todos dormiam na mesma cama, local onde os abusos eram cometidos. Esse detalhe, em particular, evidencia um cenário de total desamparo e desproteção, no qual a adolescente foi submetida a violências físicas e psicológicas dentro do próprio lar.
Após reunir provas consistentes, a Polícia Civil representou, na sexta-feira, dia 24, pela prisão preventiva do investigado e da genitora. No entanto, a Autoridade Judiciária deferiu a medida apenas para o homem, que foi preso e encaminhado ao sistema prisional de Xanxerê, onde permanecerá à disposição da Justiça. A decisão de não decretar a prisão da mãe da vítima, pelo menos neste momento, gera questionamentos sobre a responsabilidade dela no caso, já que, segundo as investigações, ela teria consentido com os abusos ao não tomar nenhuma atitude para proteger a filha.
O inquérito policial deve ser concluído em até 10 dias, e a expectativa é que novas medidas sejam tomadas para garantir que todos os envolvidos sejam responsabilizados de acordo com a gravidade dos fatos. Enquanto isso, a adolescente, que já carregava as marcas de uma condição mental que a tornava ainda mais vulnerável, agora enfrenta o desafio de superar o trauma causado por anos de abuso e negligência.
Enquanto a Justiça segue seu curso, a comunidade de Passos Maia e de todo o país se vê diante de mais um triste exemplo de como a violência e a exploração podem se infiltrar nos lares, destruindo vidas e deixando cicatrizes profundas. Que esse caso não caia no esquecimento e sirva como um chamado para que todos nós, como sociedade, estejamos mais atentos e comprometidos com a proteção dos mais vulneráveis.
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