A partir deste sábado (1º), os combustíveis como gasolina, diesel e o gás de cozinha (GLP) terão um novo peso no bolso dos brasileiros. Com o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), decidido ainda em outubro de 2024 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), os estados buscam equilibrar suas contas, mas acabam mexendo no humor de quem depende diariamente desses produtos.
O impacto é direto. Na gasolina, o imposto sobe para R$ 1,47 por litro, no diesel vai para R$ 1,12 por litro, enquanto o gás de cozinha terá R$ 1,39 por quilo a mais de tributação. Para quem está acostumado a sentir o cheiro forte da gasolina na hora de abastecer, o aroma de “mais caro” não será nada agradável. Isso sem contar o gás de cozinha, essencial em qualquer lar – seja no café coado na garrafa térmica ou na panela de pressão para aquele feijão fresquinho.
No comunicado emitido no ano passado, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz) destacou que o ajuste reflete um compromisso dos estados com a transparência fiscal e a justiça tributária. Porém, na prática, esse discurso soa mais como “justiça para quem?”. Afinal, a conta sempre acaba parando no bolso do trabalhador, seja ele dono de um carrinho velho movido a gasolina, caminhoneiro que depende do diesel ou dona de casa que precisa do botijão para cozinhar.
Reajuste e a pressão no Planalto
Se já não bastasse o aumento do ICMS, a Petrobras segue fazendo pressão para reajustar os preços dos combustíveis e aproximá-los dos valores praticados no mercado internacional. Essa diferença, chamada de defasagem, tem sido um tema quente em reuniões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a estatal. Na última segunda-feira (27), Lula se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, para tratar do assunto, já que os constantes aumentos podem desestabilizar tanto a economia quanto sua própria popularidade.
O principal receio é a inflação, que tende a ser pressionada quando os combustíveis sobem, desencadeando um efeito dominó em outros produtos e serviços. A classe política sabe que um litro de gasolina mais caro na bomba significa um desgaste direto na imagem do governo, especialmente para um presidente que voltou ao cargo prometendo priorizar os mais pobres.
Reações na ponta
Enquanto isso, o cidadão comum já se prepara para fazer contas. Quem vive no Paraná, por exemplo, já conhece a velha rotina de calcular se vale a pena cruzar a fronteira para abastecer na Argentina, mesmo com a burocracia da aduana. O feirante, que precisa rodar de bairro em bairro para vender seus produtos, sente no tanque o impacto de cada centavo. Até o pessoal que “paga uma boia” ao amigo churrasqueiro nos fins de semana já comenta que o preço do gás pode levar o churrasco a ser trocado por um pão com margarina.
O aumento do ICMS pode até ser defendido como uma medida técnica pelos estados, mas, na prática, ele é mais uma camada de dificuldades em um cenário onde o custo de vida já não dá folga. Com novos reajustes possíveis ao longo do ano, o brasileiro – seja da cidade ou do interior – vai precisar de muita criatividade para não deixar faltar o básico.
Enquanto isso, a política segue com seus embates, tentando equilibrar a corda bamba entre arrecadação, inflação e popularidade. Só resta saber se, ao final dessa conta, o maior peso ficará na balança dos estados ou no tanque do cidadão.
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