O ano de 2025 começa com o mercado financeiro de olho no Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne pela primeira vez sob a liderança de Gabriel Galípolo, atual presidente do Banco Central, indicado por Lula. Nesta terça-feira (28), inicia-se a etapa de discussões que deve resultar, novamente, no aumento da taxa Selic, subindo de 12,25% ao ano para 13,25% ao ano. A decisão, que será oficializada na quarta-feira (29) após as 18h, promete mexer com as expectativas econômicas e financeiras do Brasil.
A importância da Selic: contexto e impacto
A Selic, a taxa básica de juros da economia, é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Quando ela sobe, os empréstimos ficam mais caros, o consumo diminui, e o mercado financeiro encontra atratividade em investimentos com menos riscos. Por outro lado, quando a Selic está alta, o crédito encarece, inibindo a atividade econômica e atingindo em cheio o bolso das famílias e o planejamento das empresas.
Com a previsão de que os juros possam alcançar 15% ao ano até dezembro de 2025, o Brasil pode retornar a um patamar que não era visto desde julho de 2006. A lógica por trás dessa estratégia está no controle da inflação, que continua resistente. A combinação de uma política fiscal mais expansionista e o aquecimento do mercado de trabalho, com índices de desemprego historicamente baixos, têm sustentado o consumo e pressionado os preços.
Gabriel Galípolo assume o Banco Central com a difícil tarefa de manter a credibilidade da política monetária, mas sem se desviar da visão econômica alinhada ao governo Lula. Seu antecessor, Roberto Campos Neto, enfrentou duras críticas por manter uma política considerada excessivamente conservadora, o que gerou atritos com a equipe econômica e com o próprio presidente da República.
Apesar das expectativas de um BC mais “amigável” ao crescimento econômico sob o comando de Galípolo, o discurso continua firme em relação à necessidade de juros altos. "Juros mais altos por mais tempo" é o mantra atual do Copom, que vê a elevação como essencial para trazer a inflação de volta à meta.
Projeções para o futuro
Se a elevação de 1 ponto percentual for confirmada nesta reunião e em março, a Selic chegará a 14,25% ao ano, igualando o maior nível desde outubro de 2016. No entanto, o mercado ainda não enxerga um alívio no horizonte: os economistas preveem que os juros podem continuar subindo caso a inflação mostre sinais de resistência.
A ata da última reunião do Copom reforçou o compromisso de fazer "o que for necessário" para trazer a inflação para a meta, mesmo que isso signifique apertar ainda mais as condições econômicas. Essa postura “hawkish” (mais agressiva no controle da inflação) segue alinhada ao discurso global, em que grandes economias também enfrentam desafios semelhantes.
Desafios para a economia real
Na prática, a decisão do Copom impacta diretamente a vida do cidadão comum e o dia a dia das empresas. Juros mais altos afetam desde o financiamento de veículos e imóveis até os custos para pequenos negócios que dependem de crédito. Com a Selic em alta, quem ganha são os investidores de renda fixa, que veem seus rendimentos crescerem, mas quem perde são os consumidores que precisam financiar suas despesas.
Enquanto isso, o governo federal tenta equilibrar os pratos entre manter a disciplina fiscal e estimular o crescimento econômico. A política fiscal expansionista, com investimentos em infraestrutura e aumento de gastos sociais, tem sido um dos principais combustíveis para o aquecimento do consumo.
Conclusão: o dilema da política monetária
O Copom de janeiro será emblemático não apenas por definir os rumos da taxa Selic, mas também por consolidar a visão de Gabriel Galípolo sobre o Banco Central. Sua postura será um termômetro do equilíbrio entre a busca pelo crescimento econômico e o controle rigoroso da inflação.
Com o anúncio da nova taxa previsto para esta quarta-feira, o Brasil se prepara para enfrentar um cenário econômico desafiador, onde o custo do dinheiro seguirá alto, mas necessário, segundo o BC, para evitar que a inflação fuja do controle. Se o ano começou com perspectivas apertadas para o mercado, os próximos meses prometem exigir ainda mais paciência de consumidores, empresários e investidores. A palavra de ordem, por enquanto, é adaptação.
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