Na última terça-feira (28), Patricia Bullrich, ministra da Segurança da Argentina, anunciou que o governo argentino reforçará o controle das fronteiras com o Brasil, em meio a um cenário de crescente tensão na política de segurança fronteiriça. A medida surge como uma extensão de uma proposta mais ampla iniciada pelo presidente Javier Milei, que planeja a construção de um muro na fronteira com a Bolívia, semelhante ao projeto dos Estados Unidos com o México. Bullrich afirmou que a política será expandida para outras regiões, com foco especial na fronteira entre a Argentina e o Brasil, particularmente em Misiones.
Essa região, marcada por travessias ilegais a pé em várias localidades, tem sido palco de atividades criminosas, como assassinatos e outros crimes violentos, e agora está no centro do plano de segurança do governo argentino. A ministra destacou que a necessidade de reforçar as medidas de segurança nesta área é urgente, dada a vulnerabilidade da fronteira.
A construção de barreiras físicas, como o alambrado de 200 metros de extensão planejado em Salta, no norte da Argentina, visa controlar a travessia ilegal de pessoas e combater o contrabando de mercadorias, como produtos eletrônicos e outros itens de baixo custo, vindos da Bolívia. Segundo autoridades argentinas, o fluxo ilegal de mercadorias está prejudicando a economia local e fomentando o comércio ilegal, o que agrava ainda mais a situação de segurança.
Adrián Zigaran, interventor da cidade de Águas Blancas, afirmou que a cerca de 2,5 metros de altura será instalada antes do acesso ao rio Bermejo, que serve de fronteira natural entre a Argentina e a Bolívia. O objetivo é impedir que as pessoas entrem no país sem passar pelos controles de imigração, interrompendo, assim, o comércio ilegal de produtos.
A iniciativa, no entanto, não foi bem recebida pela diplomacia boliviana, que expressou preocupação com a construção da cerca, ressaltando que medidas unilaterais poderiam prejudicar as relações de boa vizinhança entre os dois países. Para a Bolívia, qualquer questão fronteiriça deve ser resolvida por meio de diálogo bilateral, a fim de preservar a convivência pacífica entre as nações.
Este episódio está inserido no contexto do "Plano Güemes", uma estratégia mais ampla lançada pelo governo de Milei em dezembro do ano passado, voltada para combater os crimes federais, como o tráfico de drogas e a criminalidade nas fronteiras. A medida tem como alvo o combate ao tráfico de drogas na região de Salta, um ponto crítico que tem sido utilizado por traficantes como uma rota para transportar drogas e mercadorias ilegais.
Além da repressão ao crime organizado, o governo argentino também visa regularizar o comércio entre as duas nações, especialmente no que diz respeito ao contrabando, que tem afetado as economias locais, como a de Orán, na província de Salta, que se vê impactada pela concorrência de produtos ilegais vindos da Bolívia.
As recentes ações do governo argentino têm gerado debates intensos sobre o impacto de tais medidas nas relações internacionais e na segurança da região. Enquanto os argentinos buscam conter o aumento do tráfico e das travessias ilegais, os vizinhos bolivianos se preocupam com as repercussões de uma política de segurança que pode tensionar ainda mais as relações entre os países vizinhos.
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