Era um dia qualquer em Blumenau, cidade conhecida pela Oktoberfest, pela chuvinha insistente e, agora, pelo seu cemitério com rota de fuga. Sim, prezado leitor, se um dia a sua alma decidir dar um susto na ciência médica e se recusar a embarcar na grande viagem eterna, o Cemitério Vertical Alcione da Silva tem a solução: um plano B para os que, por engano, foram promovidos a defunto sem estar 100% convencidos disso.
Tudo começou com o trauma de infância de Alcione, o proprietário do cemitério, que sempre teve medo de ser enterrado vivo. Um trauma compreensível, diga-se de passagem, pois ninguém quer acordar no escuro, com um travesseiro de madeira e um cobertor de palmos de terra. Pensando nisso, e talvez um pouco na rentabilidade do negócio, Alcione decidiu inovar no ramo funerário e criou a primeira sepultura com saída de emergência do Brasil.
Foi então que criamos uma história fictícia; O caso do Cléber. Cléber era um típico morador do Vale do Itajaí: apreciador de um bom chope, devorador de marreco recheado e, infelizmente, vítima de um erro médico que o declarou falecido precocemente. A família chorava, a música triste tocava, a cunhada fazia um discurso que parecia mais uma indireta do que uma homenagem póstuma, e Cléber, bem... Cléber acordou.
Graças à genialidade do cemitério, ele não precisou ficar batendo na tampa do caixão como nos filmes de terror. Bastou ativar o mecanismo de fuga, puxando um sistema engenhoso que liberava uma abertura no compartimento vertical. Ao melhor estilo “saiu do além e voltou para o boteco”, Cléber emergiu da sepultura como um milagre ressuscitado.
A reação foi digna de final de novela mexicana. Dona Cida, a vizinha fofoqueira, desmaiou pela terceira vez na semana. O padre benzeu a alma e correu. O cunhado, que já tinha separado os talheres de prata do falecido, ficou pálido. Já a mãe de Cléber, com uma naturalidade impressionante, deu-lhe um tapa na testa e disse: — Homem de Deus! Cê não tem vergonha de quase matar nóis tudo do coração?
E assim, Cléber voltou à vida, mais famoso que cantor sertanejo na casa noturna da zona sul. O bar da esquina ofereceu chope grátis, o grupo da família no WhatsApp explodiu de mensagens e o cemitério, claro, teve um aumento exponencial de interessados no “Plano de Enterro Reversível”.
Moral da história? Se for para partir, que seja com estilo, mas se for voltar, Blumenau já tem a melhor infraestrutura para isso. Afinal, nem sempre a morte é o fim... às vezes, é só um intervalo mal calculado.
Apesar do tom irônico, existem relatos de pessoas que acabaram enterradas vivas e até que estavam sendo veladas e voltaram à vida. Mas no caso do cemitério de BC, acredito que a pessoa ainda em vida absoluta deve realizar um treinamento, para que sabe né, vai que ela seja a nova história do ente que voltou.
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