A dona Lourdes (nome fictício), 45 anos, moradora de Concórdia, acordou na quinta-feira decidida a fazer o que qualquer ser humano de bem faria: tomar um café forte e dar um trato na juba. O problema é que a conta bancária dela tinha o mesmo saldo de um pacote de bolacha murcho esquecido na despensa. Mas como desistir não é uma opção, ela decidiu buscar a sorte num supermercado da cidade.
Diz que entrou de cabeça erguida, com aquele olhar de quem só tá "dando uma olhadinha". Mas não era Black Friday nem nada, e ainda assim as promoções estavam boas demais pro bolso dela. No corredor de higiene, encontrou um shampoo e um condicionador, porque até pra cometer pequenos delitos é preciso estar bem apresentável. Depois, deu um pulo no setor de bebidas e pegou um Café Iguaçu e um cappuccino – porque se era pra começar o dia no crime, pelo menos que fosse com cafeína de qualidade.
O momento mais emocionante da sua jornada foi quando chegou na seção pet. Ali, com um olhar quase maternal, pegou ração para gatos. Porque os bichos merecem mais carinho, e não iam passar fome enquanto ela enfrentava os perrengues da vida.
O problema foi na hora de sair. A estratégia do "caminha rápido e finge que tá ocupada" não deu certo. Assim que pisou fora do mercado, um segurança com faro melhor que o do gato dela já estava na captura.
— Minha senhora, e esses produtos aí?
Dona Lourdes, já sem muitas opções, olhou nos olhos do segurança e tentou a cartada emocional:
— “Moço, eu só queria um banho digno e tomar um café que presta... E os bichos, né? Os bichos não podem sofrer!”
Mas argumento social não cola com a lei. O segurança fez o que tinha que fazer, segurou a moça e chamou a polícia.
Na delegacia, os policiais estavam tentando entender a logística do furto: não era fome, porque café e cappuccino não enchem barriga, não se com uns pães de queijo como acompanhamento. Não era ostentação, porque shampoo e condicionador não são exatamente joias. E os gatos? Bom, os gatos provavelmente estavam em casa, comendo uma ração mais cara que a comida de muito estudante universitário.
O delegado deve ter suspirado, balançou a cabeça e pensou: "Rapaz, já vi ladrão roubar carne, bebida e até periquito de igreja… Mas montar um combo de café, banho e ração? Essa foi nova."
Enquanto isso, Dona Lourdes, já conformada com seu destino momentâneo, apenas pediu:
— “Doutor, só não joga fora a ração dos bichos, por favor. Eles não têm culpa da minha falta de dinheiro, né?”
Mín. 18° Máx. 31°