Uns dias atrás, no sudoeste do Paraná, um transformador gigante que dava um rolê de Foz do Iguaçu até Blumenau teve um pit stop forçado. Não era um transformador qualquer. Era um colosso de 122 toneladas, sustentado por 124 pneus (sim, você leu certo, 124 pneus!), que mais parecia um elefante mecânico desfilando a 40 km/h pelas rodovias paranaenses. O bichão era tão grande que, se fosse gente, teria que comprar dez passagens de ônibus só pra sentar. Mas, como não era gente, precisava de uma Autorização Especial de Transporte, a famosa AET. E foi aí que o bicho pegou, ou melhor, o transformador parou.
Há duas semanas, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) deu uma dura no caminhoneiro que carregava o transformador. "Cadê a AET, meu chapa?", deve ter perguntado o policial, enquanto o motorista, suando frio, respondia: "Tá vindo, só um minutinho!" Só que esse "minutinho" durou 14 dias. E o transformador, ficou parado às margens da rodovia, perto de Bom Sucesso do Sul, como se fosse um turista que perdeu o ônibus e ficou esperando o próximo na beira da estrada.
Enquanto isso, o pessoal da região deve ter começado a achar que o transformador era uma nova atração turística. "Vamos lá ver o transformador gigante, gente! Ele tá parado ali desde a semana passada, mas dizem que é muito fotogênico!" E assim, o bichão virou ponto de referência: "Vira à esquerda depois do transformador e segue reto até o posto de gasolina."
A empresa responsável pelo transporte jurou de pés juntos que já tinha pedido a AET antes da abordagem. Mas, como todo mundo sabe, quando o assunto é burocracia, o tempo é relativo. Uma hora são 14 dias, outra hora são 14 séculos. E o transformador, lá estava ele, fazendo hora extra na beira da estrada, enquanto a papelada andava a passos de tartaruga.
Finalmente, depois de tanto esperar, a bendita AET chegou ontem (10). E hoje (11), o transformador pôde seguir viagem, deixando para trás as paisagens de Bom Sucesso do Sul e os curiosos que já tinham se acostumado com a sua presença. Agora, ele segue a caminho de Blumenau, onde será submetido a uma manutenção. Tomara que, depois disso, uma AET pra voltar pra casa deva estar em mãos, porque senão a gente já sabe: vai ficar mais um tempão parado, virando ponto turístico de novo.
E assim, a moral da história é clara: quem com estado fere, com estado será ferido. Ou, em outras palavras, se você quer transportar um transformador gigante pelo Paraná, é melhor ter paciência e uma boa dose de café, porque a burocracia não perdoa nem mesmo os colossos de 122 toneladas, “de propriedade do estado”.
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