Na noite de ontem (04), o sossego do Alagado do Iguaçu, lá em Coronel Domingos Soares, foi quebrado por uma baita tumulto que deixou a comunidade de boca aberta. Por volta das sete e cinquenta da noite, a Patrulha Rural da 12ª Companhia Independente da Polícia Militar recebeu uma chamada que gelou o sangue: segundo as primeiras informações, uma mulher teria sido vítima de feminicídio. Mas, como diz o ditado aqui do Paraná, “nem tudo o que dizem é verdade”, e o que parecia ser o fim da linha acabou tomando outro desfecho.
Quando os policiais chegaram ao local, resgataram uma mulher viva, mas bem machucada. Um roxo feio no olho esquerdo denunciava as pancadas que ela tinha levado. O bicho pegou mesmo foi quando descobriu que o companheiro dela, apontado como o autor das agressões, estava em estado pra lá de grave. E quem deu o troco? O próprio filho da vítima, o enteado do agressor. O guri, vendo a mãe apanhando, não pensou duas vezes: partiu pra cima do homem com socos e chutes, deixando-o estendido no chão, quase sem dar sinal de vida. Teve que ser levado às pressas pro hospital de Palmas, onde agora tá na UTI, suspenso entre a vida e a morte, com a polícia de olho nele.
Aí a história ficou ainda mais atravessada. Enquanto os policiais tentavam entender o rolo todo, uma mulher, mesmo baqueada de dor, entregou uma espingarda de pressão que tinha sido mexida para usar calibre .22. A arma tava na casa, e ela fez questão de passar pra PM, como quem diz: “Já que é pra resolver, resolver direito”. A foto da espingarda, tirada pelos próprios policiais, deve ter virado assunto nas rodas de conversa do interior.
No fim das contas, o enteado, que defendeu a mãe com unhas e dentes, acabou detido e levado pra sede da 12ª Companhia. A mulher, coitada, foi pro médico cuidar do olho e do resto que tava doendo por dentro e por fora. Já o agressor, aquele que começou o barraco todo, segue internado, com escolta policial pra garantir que não apronte mais nada – se é que vai ter chance pra isso.
Esse caso é daqueles que a gente ouve e fica matutando: até onde vai a violência dentro de casa? E o que leva um filho a ter que botar a mão na massa pra proteger a mãe? Aqui no Paraná, onde o povo se achega numa prosa aberta e sincera, esse tipo de coisa mexe com todo o mundo. É um tremor que não dá pra engolir fácil, mas que mostra como a vida, às vezes, vira um nó que só desata na base da coragem – ou da tragédia.
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