Hoje, domingo, 6 de abril de 2025, a Avenida Paulista, em São Paulo, é palco de um protesto organizado por setores da direita em defesa da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, classificados como golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está presente no ato e tem se articulado com o Congresso Nacional para pressionar pela aprovação de um projeto de lei que concede anistia aos envolvidos naquele episódio.
Diferentemente do que foi e é veiculado por alguns veículos de imprensa, como Globo News e outras fontes alinhadas ao que os organizadores chamam de narrativa da "Secom do governo", o projeto de anistia em discussão no Congresso não incluiria Bolsonaro entre os beneficiados. A proposta, segundo aliados do ex-presidente, é direcionada exclusivamente aos manifestantes condenados pelos eventos de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Até o momento, mais de 500 pessoas foram condenadas pelo STF, com penas que variam de 3 a 17 anos de prisão, por crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa.
Uma imagem divulgada horas antes do protesto pela assessoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do Partido Liberal na Câmara, mostra Bolsonaro ao lado de sete governadores que apoiam a manifestação;Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Wilson Lima (União), do Amazonas; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Mauro Mendes (União), de Mato Grosso. A participação desses governadores, muitos dos quais são cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2026, reforça o peso político do evento, que busca demonstrar força nas ruas para influenciar a tramitação do projeto de anistia na Câmara dos Deputados.
O ato, que teve início por volta das 14h, conta também com a presença de parlamentares bolsonaristas, como o próprio Sóstenes Cavalcante, além de figuras como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Os manifestantes, muitos vestindo verde e amarelo e carregando batons como símbolo de apoio à cabeleireira Débora Rodrigues — próxima a ser condenada a 14 anos de prisão, por pichar uma estátua do STF durante os atos de 8 de janeiro —, negam a narrativa de golpe e criticam o que chamam de "perseguição" por parte do Judiciário. O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, destacou a importância da presença de governadores como um sinal de pressão política sobre o Legislativo.
Enquanto o protesto ocorre, a oposição ao projeto de anistia, liderada por setores da esquerda e apoiada por parte da imprensa, argumenta que perdoar os condenados seria uma afronta à democracia e ao STF. A mobilização na Paulista, portanto, reflete a polarização persistente no cenário político brasileiro, com a direita buscando reverter as condenações do 8 de janeiro e o governo Lula se posicionando contra qualquer medida que possa ser interpretada como leniência com os eventos classificados como antidemocráticos.
Mín. 16° Máx. 22°