Na manhã de hoje (14), prometia ser tão calma quanto um chimarrão bem cevado na beira do fogão à lenha. O sol raiava tímido lá no interior de Francisco Beltrão, pertinho do Rio Tuna, onde o pessoal da Secretaria de Interior já tava pronto pra botar a mão na massa – ou melhor, no cascalho. Mas tchê, o que era pra ser um dia de patrola ronronando e escavadeira cavocando virou um baita dum causo daqueles que a gente conta rindo, mas com um tiquinho de raiva no coração.
Chegaram as equipes na cascalheira, logo depois da comunidade, sentido Enéas Marques, com aquele cheirinho de café no ar e o barulhinho dos passarinhos. Aí, quando foram ligar as máquinas... nada! Silêncio total. Parecia que a escavadeira, a carregadeira e a patrola tinham tirado o dia pra dormir até meio-dia. O povaréu foi conferir e, pá, descobriram o tamanho da encrenca: roubaram as baterias das três máquinas! E não parou por aí, não. Os ladrãozinhos ainda deram um jeito de sugar até o óleo diesel dos tanques, deixando as bichinhas sequinhas.
O secretário Janir Cella, coitado, ficou mais vermelho que pimentão no mercado. Ele contou, com aquele jeitão de quem tá tentando manter a calma, que os malaco que fizeram isso não eram qualquer Zé Mané. “Os cara abriram as máquinas com uma chave específica da Caterpillar! Não é qualquer um que faz isso, não. Tem que ter prática, ou então um primo que trabalha na oficina e empresta o ‘kit larápio’ no fim de semana”, disse ele, com uma mistura de indignação e espanto. Pra completar, as baterias têm até uma marquinha da prefeitura, tipo tatuagem de gado, pra ninguém se fazer de bobo e dizer que “comprou de boa-fé no WhatsApp”.
O pior de tudo? Além do prejuízo – que, convenhamos, vai pesar mais no bolso do que churrasco de domingo pra família inteira – os trabalhos na cascalheira foram pro beleléu. Tinha estrada pra arrumar, cascalho pra espalhar, e agora, nada de nada. O Janir já avisou que, até repor as baterias e o diesel, o cronograma vai atrasar mais que promessa de político em ano de eleição. “É um transtorno dos brabo”, desabafou ele.
Mas o Cella não é de se entregar, não. Ele já mandou fazer o Boletim de Ocorrência e tá pedindo pro povão abrir o olho. “Se alguém aparecer oferecendo bateria de máquina pesada por aí, com preço de banana, desconfia, tchê! E denuncia, que é anônimo, ninguém vai saber que foi tu”, pediu ele, com aquele tom de quem confia na solidariedade paranaense. Afinal, aqui no interior, notícia corre mais rápido que trator em descida.
Enquanto isso, a cascalheira do Rio Tuna tá lá, quietinha, esperando o dia que as máquinas vão voltar a roncar. E os ladrãozinhos? Bom, esses devem tá rindo à toa, achando que escaparam. Mas, Francisco Beltrão é tão grande assim, e o pessoal tem memória boa. Tô até imaginando o dia que alguém vai aparecer no bar, contando vantagem com uma bateria da prefeitura debaixo do braço, e o tiozinho do balcão já vai sacar na hora: “Peraí, essa não é a bateria da patrola que sumiu?”. Aí, meu amigo, vai ser só esperar a fofoca voar e o caso se resolver entre um gole de cachaça e uma risada.
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