Nove dias de jejum, ‘de corpo vazio’ e cabeça cheia de convicções, marcaram a luta do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que recomendou a cassação de seu mandato. A cena, digna de um drama político, com seus embates acalorados e reviravoltas, ganhou os holofotes não só pelo gesto extremo do parlamentar, mas pelo que ele revela sobre os bastidores do poder em Brasília.
Tudo começou em abril de 2024, quando Glauber, conhecido pelo temperamento aguerrido e pela língua afiada, se envolveu numa confusão daquelas. Acusado de quebra de decoro parlamentar, ele teria empurrado e expulsado uma pessoa do Congresso Nacional. O caso, que poderia ter passado como mais uma faísca no caldeirão de tensões da política brasileira, virou incêndio. O Conselho de Ética, com seus olhares atentos e dedos apontados, julgou que o comportamento do psolista extrapolou os limites do aceitável e recomendou a perda do mandato. Pra quem acompanha o noticiário, sabe que cassação é coisa séria – é o equivalente a um “game over” na carreira de um político, pelo menos até quando estará elegível novamente.
Diante da ameaça de ver sua cadeira esvaziada, Glauber não cruzou os braços. Pelo contrário, resolveu jogar tudo numa cartada ousada: entrou em greve de fome. Durante nove dias, ele se recusou a comer, transformando seu corpo numa bandeira de protesto. A decisão, segundo o próprio deputado, foi um grito contra o que ele considera uma injustiça, uma punição desproporcional orquestrada por adversários políticos. “Tô na luta, firme e forte”, declarou, enquanto seus aliados – a deputada Sâmia Bomfim (sua esposa), Lindbergh Farias e Thalíria Petrone – costuravam apoios nos corredores da Câmara.
A pressão deu resultado. Após intensas negociações, o presidente da Casa, Hugo Motta, assumiu um compromisso que colocou um freio na pressa de cassar o mandato de Glauber. Ficou combinado que ele terá 60 dias pra preparar sua defesa e recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes que o processo chegue ao plenário. Na prática, é uma trégua, um fôlego pra que o deputado tente reverter o jogo. Com isso, Glauber encerrou a greve de fome, mas não sem antes reforçar que a luta continua. “Não é recuo, é estratégia”, garantiu, com aquele tom de quem ainda tem muita lenha pra queimar.
Mas nem tudo é apoio e solidariedade. A oposição, que não perde a chance de botar mais pimenta no angu, acusa Glauber de vitimismo. Pra eles, o jejum foi mais um show de mídia do que um ato de resistência. E não falta quem resgate o passado pra jogar na roda: lembram que o psolista não teve lá muita compaixão no caso de Daniel Silveira, ex-deputado bolsonarista cassado em 2022. Na época, Glauber comemorou nas redes sociais, com direito a emojis e alfinetadas. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, dizem os críticos, apontando uma suposta contradição. Aqui no Paraná, a gente diria que “quem cospe pra cima, toma na testa”.
Enquanto o destino de Glauber segue incerto, uma figura já desponta no horizonte: Heloísa Helena, da Rede-RJ, que pode assumir a vaga como suplente caso a cassação se confirme. A ex-senadora, conhecida pela postura combativa e pela trajetória marcada por embates memoráveis, seria um reforço de peso pro campo progressista, mas também um sinal de que o mandato de Glauber realmente chegou ao fim.
No fim das contas, o caso de Glauber Braga é mais do que uma briga por um mandato. É um retrato do Brasil de hoje, onde a política é feita de gestos grandiosos, acusações mútuas e uma polarização que não dá trégua. No Paraná, a gente diria que tá todo mundo “de cabelo em pé” com essa confusão. Resta saber se, nos próximos 60 dias, Glauber vai conseguir virar o jogo ou se a Câmara vai escrever o capítulo final dessa história. Uma coisa é certa: o Congresso, como sempre, é um palco onde ninguém sai sem arranhões.
Qual a defesa pra isso? pic.twitter.com/WM0LCRwN6I
— Leandro (@leam2022) April 18, 2025
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