O Pantanal, essa imensidão de vida selvagem que pulsa no peito do Brasil, guarda belezas que encantam e perigos que arrepiam. Na manhã desta terça-feira, 22 de abril, uma notícia cortou o ar quente de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, como um trovão em dia claro: Jorge Avalo, um caseiro de 60 anos, teve a vida ceifada por uma onça na margem do rio Miranda. O caso, que mistura o respeito pela natureza bruta e a dor de uma perda humana, abalou a comunidade local.
Jorge, homem simples, de mãos calejadas e coração acostumado às lidas da fazenda, trabalhava como caseiro numa propriedade às margens do rio Miranda. Era um daqueles trabalhador de alma pantaneira, que trocam o barulho da cidade pelo canto dos pássaros e o mugido do gado. Na madrugada de segunda-feira, 21, ele encontrou seu destino de forma brutal. Equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), ao chegarem ao local, depararam-se com uma cena que, mesmo para quem já viu de tudo, aperta o peito: pegadas frescas de uma onça, misturadas a pedaços do corpo do caseiro. A suspeita, confirmada depois, é que o felino, soberano em seu território, atacou Jorge nas horas escuras da noite.
O trabalho de busca foi tão doloroso quanto necessário. Na terça-feira, os policiais, junto com familiares de Jorge, embrenharam-se na mata fechada, a uns 300 metros do rio, onde o Miranda serpenteia entre árvores e segredos. Ali, numa toca que a onça escolheu como refúgio, encontraram outras partes do corpo do caseiro. Imagina o peso no coração de quem, entre o mato alto e o calor úmido, teve que encarar tamanha tragédia. O corpo, ou o que restou dele, foi recolhido com cuidado pela PMA e levado ao Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana, onde a perícia vai tentar trazer respostas a uma história que, por enquanto, só tem perguntas.
Mas o drama não parou por aí. Como se a natureza quisesse lembrar quem manda naquele pedaço, um dos membros da equipe de socorro foi atacado pela mesma onça, logo após o resgate do corpo. A informação, ainda crua, mostra que o socorrista saiu ferido, mas é um lembrete de que, no Pantanal, o homem é só mais um na teia da vida. A onça, bicho majestoso, não ataca por maldade; ela defende seu espaço, sua fome, sua sobrevivência. E o homem, muitas vezes, acaba cruzando a linha invisível que separa o convívio do conflito.
Aqui no Paraná, a gente ouve histórias assim e sente um misto de fascínio e respeito. O Pantanal é longe, mas a ideia de um bicho solto, dono de si, lembra as nossas matas, os nossos rios. Jorge Avalo, com sua vida simples, talvez nem imaginasse que sua história ia virar notícia, que ia fazer a gente parar pra pensar. Será que ele, ao apagar a luz na noite de domingo, sentiu o peso do silêncio pantaneiro? Será que ouviu o farfalhar da onça rondando? Ninguém sabe. O que fica é a certeza de que o Pantanal, com toda sua grandeza, não é só um cartão-postal. É um lugar vivo, onde a beleza e o perigo andam de mãos dadas.
Essa tragédia joga luz numa discussão antiga: como dividir o espaço com a natureza sem virar vítima ou vilão? A onça não é monstro, é parte do equilíbrio. Jorge não foi imprudente, foi um trabalhador no lugar errado, na hora errada. E a gente, que lê essa história, fica com a tarefa de refletir: o que podemos fazer pra que homem e bicho convivam sem que o preço seja tão alto? Enquanto as respostas não vêm, a gente se despede de Jorge Avalo com respeito, desejando que sua alma encontre paz e que o Pantanal, esse gigante selvagem, continue ensinando lições que a gente nunca pode esquecer.
âž¡ï¸ Em gravação antes da morte, Jorginho mostrava pegadas de onça
— Metrópoles (@Metropoles) April 22, 2025
Caseiro morreu após ter sido atacado por uma onça. O corpo dele ainda não foi encontrado
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