A política esquentou mais que café fervendo, o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro tá dando pano pra manga. Quando o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que não ia pautar a urgência do projeto do PL, dando um chega pra lá na votação direta no plenário, os emissários do presidente Lula comemoraram nos bastidores, com aquele jeitão de quem ganhou na sinuca. Mas, cá entre nós, será que barrar a anistia é mesmo o melhor jeito de acalmar os ânimos, ou só tá esticando mais a corda do “nós contra eles”?
A decisão de Motta, costurada com os caciques do Centrão, foi um balde de água fria pro PL e pro ex-presidente Jair Bolsonaro, que tavam apostando alto na anistia. Só o Partido Liberal e o Novo quiseram botar o pé na porta, mas o resto das bancadas achou que o tema é uma baita encrenca, capaz de botar a Câmara numa sinuca de bico com o Supremo Tribunal Federal (STF). É no STF que tão rolando os inquéritos contra os manifestantes do 8 de janeiro, e qualquer mexida legislativa pode ser vista como um dedo no olho do Judiciário. Mas, espera aí: os poderes não são independentes? Se o Congresso, eleito pelo voto do povo, quer anistiar, por que o STF, que ninguém votou pra escolher, tá parecendo o dono do jogo?
A verdade é que o 8 de janeiro virou um nó cego. De um lado, tem quem diga que foi uma tentativa de golpe, com base na narrativa que o governo Lula e o STF tão empurrando. Só que, olhando de perto, a coisa não fecha. Pra um golpe dar certo, precisa de duas coisas: ou a Justiça tá na jogada, segurando as pontas, ou tem arma na mão pra impor na marra. E o que a gente viu no 8 de janeiro? Nada disso. Os manifestantes não tinham o STF do lado deles – muito pelo contrário, o Supremo tá com a caneta afiada julgando todo mundo. E armas? Nadica de nada. Até agora, as “provas” são estilingues, bolas de gude e uns vidros quebrados. Vandalismo? Pode ser. Mas golpe? Niques. Chamar isso de atentado à democracia é como dizer que um torcedor que invadiu o campo derrubou o campeonato.
Não me entenda errado: quem exagerou, quebrou, pichou ou saiu causando tem que pagar. Mas pagar na medida! Penas proporcionais aos crimes, como manda a lei. Botar um monte de gente na cadeia com acusações pesadas, sem prova de arma ou conivência institucional, é esticar a corda além da conta. E o pior: esconder as imagens do 8 de janeiro, como tá acontecendo, só joga mais lenha na desconfiança. A linguagem do povo diria: “Se tem prova do golpe, solta logo o vídeo, pô!” Guardar tudo a sete chaves faz parecer que a narrativa do golpe é mais papo furado do que verdade escancarada.
Aí entra a anistia. Barrar o projeto, como fez Hugo Motta, pode até dar uma vitória pro governo, mas não pacifica nadinha. Pelo contrário, mantém o Brasil nesse cabo de guerra que tá cansando todo mundo. Pesquisas, como as do Datafolha, mostram que a maioria não engoliu essa história de golpe. E não é só o povão: até a mídia tradicional, que antes mandava na narrativa, tá apanhando da internet, onde vídeos e posts mostram o outro lado da história. Fora do Brasil, já tem jornal gringo, como o The Wall Street Journal, chamando o ministro Alexandre de Moraes de “ditador de toga” por causa das decisões duras do STF. E olha que o Moraes, que tá liderando os inquéritos, já foi filiado ao PSDB, um partido que perdeu o bonde pro bolsonarismo. Isso tudo só reforça a ideia de que o Supremo tá jogando mais pro lado do governo do que pro lado da imparcialidade.
Anistiar os manifestantes, com penas justas pros que realmente passaram do ponto, seria um jeito de botar um ponto final nessa briga de comadres. Seria dizer: “Olha, vamo virar essa página e parar de dividir o país.” O Congresso, que representa o povo, tem o direito de decidir isso. Se o STF barrar, aí sim a crise institucional vem com tudo, porque vai parecer que o Judiciário tá mandando no Legislativo. E, no fim, quem paga o pato é o povo, que tá cansado de ver o Brasil se estranhando como se fosse um clássico Gre-Nal.
A gente gosta de falar claro: se é pra pacificar, que seja com justiça, transparência e sem narrativas que não colaram até agora. Solta as imagens, julga quem errou com pena na medida e deixa o Congresso fazer o trabalho dele. Anistia pode não ser a solução perfeita, mas é um passo pra tirar o Brasil desse ringue e botar todo mundo na mesma mesa. Porque, no fundo, o que o povo quer é um país que pare de brigar consigo mesmo.
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