Ontem, 28 de abril, um apagão de grandes proporções atingiu partes da Europa e deixou milhões de pessoas sem energia elétrica em pleno início de semana. Em meio ao caos provocado pela falta de luz, uma expressão até então desconhecida da maioria da população veio à tona: “vibração atmosférica induzida”. O termo, de som quase místico, passou a circular como uma suposta explicação para o colapso parcial no fornecimento de energia elétrica em países como Portugal e Espanha.
Segundo a CNN Brasil, a hipótese surgiu após uma reportagem da agência Reuters, que apontava que a REN — operadora de energia elétrica de Portugal — teria indicado variações extremas de temperatura no interior da Espanha como causa de oscilações anormais nas linhas de alta tensão (400 kV). Essas oscilações estariam ligadas ao raro fenômeno atmosférico, e foi ventilado, inclusive, que a normalização completa do fornecimento poderia demorar até uma semana. Acontece que mais tarde, a própria REN desmentiu categoricamente essa versão, afirmando, em nota oficial, que jamais fez tais afirmações e que qualquer informação atribuída à empresa fora de seus canais deve ser desconsiderada.
A tal “vibração atmosférica induzida” é um fenômeno raro, mas real. Segundo a MetSul Meteorologia, ele acontece quando oscilações de baixa frequência (entre 0,1 e 10 Hz) afetam componentes da rede elétrica. Isso ocorre por conta da interação entre fatores climáticos e fenômenos elétricos. A umidade elevada ou imperfeições nos cabos podem provocar pequenas descargas, que ionizam o ar ao redor das linhas de transmissão. Essas partículas carregadas, ao interagir com o campo elétrico dos cabos, geram ondas de pressão que fazem os condutores vibrarem. É um efeito físico complexo, não mecânico como o causado pelo vento ou acúmulo de gelo, o que torna sua ocorrência ainda mais peculiar.
Agora, falando na real, o que se sabe de concreto sobre o apagão? Quase nada. Está sem luz — literalmente e figurativamente. O blecaute gerou um verdadeiro pandemônio em regiões afetadas: supermercados lotados, prateleiras vazias, povo apavorado com medo do apagão durar dias. Pra piorar, começou o festival de especulação: teve gente falando em ataque cibernético russo, colapso por conta de energia renovável demais no sistema e até uma nova arma climática sendo testada. Enfim, cada um querendo seus minutinhos de fama e engajamento nas redes.
O que é oficial até agora é que a energia voltou em partes, mas a explicação definitiva ainda não apareceu. A verdade é que, por enquanto, as autoridades e os especialistas tão no escuro tanto quanto o resto da galera. Se fosse aqui no Brasil, provavelmente já teria ministro em coletiva com aquela conversa cheia de volta, tentando dar uma narrativa bonitinha pra TV. Mas lá também não tá muito diferente: a galera quer resposta, mas o sistema ainda tá em pane — e quem deveria trazer luz, ainda tá tateando no escuro.
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