A tal "Operação Fake Monster", anunciada como o desmonte de um plano terrorista contra o público LGBTQIA+, parecia roteiro de filme de ação. A imprensa fez barulho, falou em bombas, cocktail molotov e discurso de ódio. O acusado foi preso, pagou fiança e saiu. Agora, reaparece com prisão preventiva decretada. Mas aí fica a pergunta que muita gente tá se fazendo: se o perigo era tão grande assim, por que deixaram soltar da primeira vez?
Tá na cara que tem mais coisa aí do que preocupação com segurança. A tal “luta contra o discurso de ódio” tem sido usada como escudo por certos grupos progressistas pra atacar quem pensa diferente. Mas o que era pra ser bandeira de igualdade virou trincheira. A liberdade de expressão vale só pra quem fala a mesma língua ideológica — se for um LGBT de direita, por exemplo, nem "minoria" é mais tratado. Vira alvo.
Mas não dá pra aliviar pro outro lado também. Quando grupos conservadores ou religiosos usam a fé como justificativa pra excluir, condenar ou generalizar todo um coletivo como se fosse inimigo de Deus, aí também é discurso de ódio disfarçado de moral. Não é porque alguém é contra uma prática que tem direito de desumanizar quem a vive. Isso também é errado, também machuca, também exclui.
O problema maior tá nos dois extremos que tentam calar o outro: um, na base do lacre e da patrulha ideológica; outro, no grito de guerra contra “tudo que não presta”. E enquanto isso, a maioria da população, que só quer viver em paz e com respeito mútuo, vira refém dessa guerra narrativa.
Discurso de ódio não pode ser definido por militância nem por pregação. Ele precisa ser julgado por ação concreta, por risco real, e não pelo lado que o sujeito vota ou pelo grupo que defende. Liberdade não é dizer só o que agrada. E tolerância que só tolera os seus não é virtude, é oportunismo.
Tá na hora de parar de transformar todo assunto sério em palanque ideológico. Seja molotov ou microfone, a arma na mão errada sempre machuca.
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