A conjuntura política brasileira, sempre efervescente como final de campeonato de bocha municipal, apresenta mais um capítulo que merece uma prosa detalhada. Desta vez, o foco recai sobre a avaliação popular do governo federal, um termômetro que, volta e meia, aponta para direções que fazem a gente parar pra pensar. A percepção do cidadão comum, aquele que pega o "busão" cedo e peleia no dia a dia, é peça-chave para entender os rumos do país. E, como em toda boa análise, é preciso olhar os números com atenção, sem afobação, mas também sem deixar a poeira assentar demais.
Segundo informou o Zero Hora, a mais recente pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), traz um cenário que acende um alerta no Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alcançou seu maior índice de desaprovação desde o início deste terceiro mandato. Os dados mostram que 57% dos entrevistados desaprovam a gestão atual, enquanto 40% a aprovam. Aquela turma do "não sabe ou não respondeu" ficou nos 3%. Olhando de primeira, parece uma baita mudança, mas, comparando com o levantamento anterior, de abril, a oscilação ficou dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, a temperatura subiu um tiquinho, mas ainda não dá pra dizer que o inverno chegou de vez. Essa pesquisa, encomendada pela Genial Investimento, ouviu 2.004 viventes com 16 anos ou mais, de todos os cantos do Brasil, entre os dias 29 de maio e 1º de junho.
Quando a gente esmiuça esses números, como quem separa o joio do trigo, algumas tendências ficam mais claras. A rejeição ao governo Lula é mais forte entre os evangélicos, com 66% de desaprovação, um número que faz pensar. Na região Sudeste, a terra da garoa e do pão de queijo, a desaprovação também é graúda, batendo 64%. E quem tem uma renda familiar mais polpuda, acima de cinco salários mínimos, também engrossa o caldo dos descontentes, com 61%. Por outro lado, lá no Nordeste, onde o sol brilha forte e a cultura é arretada, a aprovação chega a 54%, mostrando um apoio mais consolidado. A turma com mais de 60 anos, com a experiência de quem já viu muita água passar por baixo da ponte, também apoia mais (52%), assim como a população preta (51%). É uma verdadeira colcha de retalhos, onde cada pedaço conta uma história diferente sobre como o governo é percebido. Uma novidade que saltou aos olhos foi que, pela primeira vez, a desaprovação entre os católicos (53%) superou a aprovação (45%), algo que merece uma análise mais de perto, pois era um grupo onde o jogo estava mais empatado. A coisa também apertou para o governo entre a piazada e os adultos até 34 anos, onde a desaprovação é de 60%, ainda que tenha dado uma leve recuada em relação a abril. Já entre os eleitores com 35 a 59 anos, a desaprovação está em 59%. É, de vereda, um cenário complexo, que mostra um Brasil dividido em suas percepções e expectativas.
Mín. 5° Máx. 15°