A semana começou complicada para o caminhoneiro Valmir Adão Skrxpczak. Quem passou pela BR-277, ali pelas bandas do quilômetro 625, perto de Céu Azul, deve ter reparado num gigante de aço atravessado no meio de uma plantação de feijão. O veículo, carregado com trigo vindo do Paraguai com destino a Cascavel, protagonizou um desvio arriscado para evitar um mal maior na rodovia, mas acabou encalhado numa propriedade particular, dando início a uma baita dor de cabeça que já se estende a alguns dias.
O motorista, que tem casa em Santa Rita, no Paraguai, e também em Santa Terezinha de Itaipu, contou que, para não bater em outro veículo na pista, precisou jogar o caminhão para o lado. A manobra brusca o fez perder o controle, passar o acostamento e parar só no meio da roça alheia. Desde então, Valmir se viu numa sinuca de bico. Segundo informou o Portal Cidade, o proprietário das terras, ou um representante seu, apareceu e bateu o pé: o caminhão só sai dali mediante o pagamento imediato de R$ 22 mil pelos estragos na lavoura de feijão. O caminhoneiro, preocupado com a carga e com medo de saques, especialmente durante as noites frias da região, tem permanecido no veículo, contando com a ajuda de colegas de estrada para se alimentar.
A situação é delicada. Valmir alega que a seguradora cobrirá todos os prejuízos, mas o dono da área não quer saber de conversa e impede a entrada da equipe de resgate do seguro. Essa queda de braço impede não só a retirada do caminhão danificado, mas também a liberação do próprio motorista, que está perdendo dias de trabalho e vivendo um sufoco. O que talvez o proprietário não saiba, ou prefira ignorar, é que exercer as próprias razões de forma arbitrária, ou seja, tentar fazer justiça com as próprias mãos, mesmo que a cobrança seja legítima, é considerado crime pelo Código Penal. A lei é clara: prejuízos devem ser reparados, sim, mas dentro dos trâmites legais, sem coação, ameaça ou impedimento forçado. Enquanto o acordo não vem, o caminhão de trigo continua atolado, e o drama de Valmir, um retrato da tensão que pode surgir quando um imprevisto na estrada invade a tranquilidade do campo.
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