A piazada e os viventes mais calejados do nosso Paraná e do Brasil se ajeitaram na frente da tevê com o coração cheio de esperança. A estreia de Carlo Ancelotti, um gringo de currículo mais grosso que a casca de peroba, prometia um novo rumo para a nossa Seleção. A gente esperava um time ajeitado, com aquele toque de gênio que fez dele uma lenda na Europa. Mas o que se viu contra o Equador, foi um empate em zero a zero que deixou um gosto de chimarrão lavado na boca.
Não é por mal, mas a partida foi de doer as vistas. A bola parecia um piá mal-ensinado, teimando em não obedecer. Faltou aquele "borogodó", aquela faísca que acende o jogo e faz a gente pular do sofá. O time, um amontoado de craques que valem mais que uma safra inteira de soja, parecia perdido, sem saber direito o que fazer com a redonda. As jogadas eram previsíveis, um toque para lá, um passe para cá, mas sem aquela estocada final que rasga a defesa adversária. Foi um jogo morno, sem a nossa tradicional arte e malemolência.
Ancelotti, na beira do gramado, com seu jeito sereno, parecia um maestro tentando reger uma orquestra desafinada. A gente sabe que o homem é um baita estrategista, mas sua filosofia de jogo ainda não deu as caras por aqui. Aquele futebol de posse de bola inteligente, de transições rápidas e de brilho individual a serviço do coletivo, que a gente tanto ouviu falar, ficou só na promessa. A identidade do "professor" italiano ainda é um mistério, uma folha em branco.
E agora, o próximo desafio é contra o Paraguai. Uma partida que já nasce com o peso da obrigação. Não dá mais para patinar. A torcida, essa gente buena que nunca abandona o barco, merece uma resposta. Queremos ver um time com a nossa cara, com a garra de quem briga por cada palmo de chão e a genialidade que só o jogador brasileiro tem. Que Ancelotti consiga, o mais rápido possível, dar um jeito nessa gurizada e encontrar o caminho das vitórias. Porque, no fim das contas, o que a gente mais quer é soltar o grito de gol que está entalado na garganta.
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