A camisa da Seleção Brasileira carrega um peso que transcende o esporte; ela é um símbolo de união, uma fagulha de alegria coletiva que incendeia o peito de milhões. A prova mais recente desse sentimento avassalador veio na forma de uma corrida frenética, quase desesperada, pelos ingressos do próximo confronto do Brasil em solo nacional, demonstrando que, quando a bola rola, o torcedor não mede esforços para estar presente.
O que se viu no dia 3 de junho foi um verdadeiro alvoroço. A piazada e as gurias grudaram os olhos na tela, na expectativa de garantir um lugar para o jogo contra o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa. A venda, que mal abriu, já virou um evento em si. Segundo informou o BP Money, a plataforma digital responsável pelas vendas chegou a registrar uma fila de espera com mais de 107 mil pessoas, enquanto outras 50 mil tentavam finalizar a compra ao mesmo tempo. Em míseras duas horas, não havia mais um bilhete sequer disponível, um testemunho da paixão que não se abala.
Contudo, essa demonstração de amor pelo futebol vem acompanhada de um debate cada vez mais presente nas rodas de conversa e nas arquibancadas. Olhando os valores, que partem de R$ 100 no setor mais simples e chegam a R$ 450, a conta fica salgada. Para muita gente, pagar um valor desses é de cair os butiá do bolso. A questão que fica no ar é inevitável: o espetáculo mais popular do planeta está se tornando um luxo para poucos? A paixão que lota estádios é a mesma que força o trabalhador a fazer malabarismos no orçamento.
Ao fim, o que se consolida é uma dualidade. De um lado, a alegria contagiante e a certeza de que a Neo Química Arena estará pulsando em verde e amarelo. Do outro, a reflexão sobre a acessibilidade do esporte que nasceu nos campos de várzea e ganhou o coração do povo. A seleção vendeu tudo e jogará com casa cheia, mas deixou para trás uma legião de fãs que, desta vez, terão que se contentar em torcer do sofá, sonhando com o dia em que apoiar de perto não custe tão caro.
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