A Marcha para Jesus de 2025, que rolou na zona norte de São Paulo, foi palco de uma baita demonstração de apoio a Israel, mostrando a força e a influência da galera evangélica no cenário político e social brasileiro. O evento, que junta uma multidão de gente, cerca de 2 milhões, se a expectativa se confirmou, virou um espaço pra líderes e políticos abrirem o bico sobre o conflito na Faixa de Gaza.
O deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP), que preside a Frente Parlamentar Evangélica, fez um apelo por uma "oração em socorro" a Israel. Não é de hoje que a bandeira de Israel é um símbolo fortíssimo entre os evangélicos, que veem o país como a terra do povo escolhido por Deus e peça-chave para as profecias bíblicas. Segundo informou o Poder 360, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a abrir a marcha com uma bandeira de Israel nas costas, e o presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Claudio Lottenberg, fez questão de ressaltar a gratidão dos judeus brasileiros aos evangélicos. Até um pastor americano puxou uma oração, dizendo que líderes em Jerusalém estão na mesma sintonia, orando pelos evangélicos do Brasil.
Essa ligação entre os evangélicos e Israel é um negócio sério, não é só de fachada. Ela tem raízes profundas na fé, que enxerga Israel como um pilar pra concretização de profecias, como a volta de Jesus. Tarcísio de Freitas, por exemplo, em vídeo divulgado pela Conib, disse que sabe "o papel que Israel tem para o mundo ocidental" e que se trata de um "povo escolhido". Enquanto isso, Israel segue com suas operações militares em Gaza desde 7 de outubro de 2023, depois do ataque do Hamas, e tem se envolvido em hostilidades com países vizinhos, como o Irã.
No meio de tanta bandeira israelense, a dona de casa Marta Batista, de 61 anos, resolveu ir na contramão e levou uma bandeira palestina, criticando a política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ela, que se identifica como evangélica, disse que não aceita a "política de eliminação de Netanyahu" e contou que, mesmo com algumas críticas, se manteve firme na marcha. A atitude dela levanta um questionamento importante sobre a liberdade de expressão em eventos dessa magnitude, só que se tratando da maioria pró-Palestina e alguém isolado com uma bandeira de Israel.
O tamanho do movimento evangélico no Brasil não é pouca coisa. Dados do Censo de 2022, divulgados pelo IBGE, mostram que eles representam 26,9% da população, sendo o segundo maior grupo religioso do país, só perdendo para os católicos (56,7%). Essa força numérica se traduz em influência política, com a Marcha para Jesus servindo de termômetro pra isso. A marcha, que começou por aqui em 1993, inspirada num evento do Reino Unido, virou parte do calendário oficial do Brasil em 2009, sancionada pelo então presidente Lula. Desde 2019, com Jair Bolsonaro, a presença de presidentes no evento virou rotina, transformando a marcha em um espaço ainda mais visível pra manifestações políticas e religiosas.
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