A Justiça de Mato Grosso decidiu pela liberação de Lumar Costa da Silva, de 34 anos, que estava internado no Centro Integrado de Atenção Psicossocial à Saúde Adauto Botelho, em Cuiabá. Silva, conhecido pelo chocante crime de 2019, quando matou a própria tia e removeu seu coração, agora deverá seguir medidas de segurança com acompanhamento contínuo em Campinas, no interior de São Paulo. A decisão, tomada na última quarta-feira pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, baseou-se em laudos médicos que atestam a estabilidade clínica do paciente, afastando a necessidade de internação em regime fechado.
Conforme informou o UOL, a determinação judicial impõe uma série de restrições a Silva. Ele ficará sob supervisão constante e passará por tratamento ambulatorial intensivo e contínuo, sem prazo definido para terminar. Uma equipe multiprofissional, com psiquiatras, e um responsável legal serão encarregados de seu acompanhamento. Além disso, Lumar não poderá deixar Campinas sem autorização judicial e está proibido de frequentar locais como casas de prostituição e de jogos, bem como de ingerir bebidas alcoólicas ou outras drogas.
O caso de Lumar Costa da Silva chocou o país em julho de 2019. Na época, ele assassinou Maria Zélia da Silva, sua tia de 55 anos, a facadas em Sorriso, no Mato Grosso. O crime ganhou contornos ainda mais macabros quando Silva abriu o peito da vítima e entregou o coração à filha dela. Lumar havia chegado a Campinas poucos dias antes do ocorrido, após uma tentativa de homicídio contra a própria mãe. Maria Zélia o havia acolhido em sua casa, mas providenciou uma quitinete para ele morar ao descobrir o uso de drogas no imóvel.
Em 2020, laudos psiquiátricos diagnosticaram Lumar com transtorno afetivo bipolar, atestando sua inaptidão para viver em sociedade. Um dos exames da época apontou comprometimento do juízo, da crítica e do autocontrole, além de impulsividade e agressividade. O próprio Lumar revelou fazer uso de substâncias psicoativas como o LSD, que podem agravar o quadro clínico e aumentar a propensão a crimes violentos. Devido a esse diagnóstico, ele foi absolvido em junho de 2022, mas com a determinação de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico por tempo indeterminado, devido ao risco que representava a si e à sociedade.
A notícia da soltura de Lumar trouxe à tona o medo da família da vítima. Patrícia Cosmo, filha de Maria Zélia, expressou seu temor em entrevista, afirmando que a paz da família acabou. "É medo, né? Infelizmente, a gente fica com medo. A gente tem temor. Eu não sei nem como eu vou fazer para fugir disso. Ainda tô processando", disse ela, adicionando que "Vai ser agora um momento de terror, de pressão psicológica. Acabou a nossa paz. Ele não só tirou a vida dela. Ele destruiu tudo. Minha mãe acolheu ele, e ele retribuiu com ódio, violência e uma crueldade que eu nunca vou esquecer." O drama vivenciado pela família, os que se fizeram presentes na luta por justiça, ressalta a complexidade e as feridas abertas por um crime tão brutal, mesmo diante das decisões judiciais pautadas em laudos médicos.
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