A inesperada tragédia envolvendo Juliana Marins na Indonésia, com sua morte decorrente de um acidente, acendeu um debate acalorado sobre a postura do Itamaraty e a prioridade de seus recursos. Inicialmente, a negativa da pasta em custear o translado do corpo de Juliana para o Brasil gerou uma onda de indignação popular e críticas contundentes da oposição. O principal argumento levantado foi a disparidade de tratamento, lembrando o resgate, via Força Aérea Brasileira (FAB), da peruana Nadine Heredia, condenada por corrupção, contrastando com o suposto impedimento financeiro para repatriar uma cidadã brasileira. Essa dissonância levantou questionamentos profundos sobre os critérios de alocação de verbas e a empatia governamental em momentos de vulnerabilidade de seus cidadãos.
A situação ganhou um novo e inspirador contorno com a intervenção do ex-jogador Alexandre Pato. Sensibilizado pela dor da família, Pato utilizou suas redes sociais para anunciar que havia entrado em contato com os parentes de Juliana, oferecendo-se para custear integralmente o translado. Sua atitude, que ecoou positivamente em todo o país, não apenas demonstrou um ato de solidariedade genuína, mas também colocou em evidência a capacidade da sociedade civil em mobilizar-se e agir onde o poder público parecia falhar. A iniciativa do atleta ressaltou a importância da compaixão e do senso de comunidade em momentos de crise, servindo como um catalisador para uma reavaliação da postura oficial.
Diante da repercussão e da mobilização popular, o cenário diplomático e político começou a se alterar. Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou sua conta no X (antigo Twitter) para comunicar que havia conversado por telefone com Manoel Marins, pai de Juliana. Na publicação, Lula expressou sua solidariedade à família e, em uma reviravolta significativa, afirmou ter determinado ao Ministério das Relações Exteriores que prestasse todo o apoio necessário, incluindo o custeio do translado do corpo de volta ao Brasil. Essa declaração representou uma mudança de posicionamento em relação à informação divulgada pelo próprio Itamaraty na quarta-feira, quando a pasta havia afirmado a impossibilidade de arcar com as despesas.
A decisão final do Itamaraty, após a pressão popular e a intervenção presidencial, em arcar com os custos do translado, embora tardia para alguns, marca um ponto crucial na gestão da crise. Ela sublinha a importância da voz da sociedade civil e da atenção da opinião pública na condução de temas sensíveis. A história de Juliana Marins, que infelizmente perdeu a vida longe de casa, tornou-se um símbolo de como a solidariedade e a persistência podem, por vezes, superar as barreiras burocráticas e financeiras, garantindo que, mesmo em face da maior adversidade, o descanso em solo pátrio seja assegurado.
Mín. 3° Máx. 16°