A notícia de um possível retorno do Orkut tem dado o que falar e mexido com a memória de uma geração inteira. A expectativa é grande, principalmente entre aqueles que sentem falta de um tempo em que as interações online pareciam mais genuínas e menos tóxicas. Pelos cantos da internet, como no Reddit, o assunto bomba, com gente apostando que a empreitada pode vingar, já que há um bonde de usuários cansados do modelo de negócios e da vibe do X, Facebook, Instagram e outras redes que dominam o cenário.
Apesar do alvoroço e do registro da marca em diversos países, o criador do Orkut, Büyükkökten, faz um baita suspense e não soltou nenhuma prenda sobre data de lançamento ou mesmo se o nome original será mantido. Essa incerteza, no entanto, não esfria o ânimo dos saudosos. Para muitos, a plataforma representava uma era de ouro, com suas comunidades icônicas e depoimentos que valiam mais que ouro, um retrato de uma internet que parecia mais simples e, de certa forma, mais nossa.
Mas nem tudo eram flores, e é aí que o chinelo começa a pegar. Esquecer das mazelas e fragilidades daquela época é fácil quando a saudade bate forte. A real é que o Orkut não era um paraíso livre de interesses ou problemas. Foi lá que muita gente teve o primeiro contato com a publicidade online e onde também rolaram as primeiras tretas digitais mais sérias, como o caso de uma professora que precisou acionar a justiça contra alunos por causa de uma comunidade. A plataforma era um reflexo de seu tempo, com as ferramentas e os perrengues daquela fase da web.
No fundo, a discussão escancara um embate de gerações e visões de mundo. Há quem se apegue ao passado e se veja como um "relógio a corda na era digital", resistindo à evolução natural da tecnologia. Do outro lado, a crítica de que a internet se tornou "tóxica" muitas vezes vem daqueles que perderam o monopólio da narrativa. Figuras que antes ditavam as regras e hoje, ao serem contestadas por uma pá de gente, soltam a famosa frase de que "a internet deu voz aos imbecis", num sinal claro de que o problema não é a ferramenta, mas sim não ter mais o controle absoluto sobre o que é dito e pensado.
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