O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) movimentou o cenário político nesta sexta-feira (4) ao declarar publicamente sua intenção de concorrer às eleições de 2026. Em um recado direto aos seus opositores, Lula afirmou que o país poderá ter, pela primeira vez na história, um presidente eleito para um quarto mandato. "Eles não sabem o que eu estou pensando. Então, se preparem porque, se tudo estiver como eu estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes", disparou o mandatário.
Na contramão das tensões visíveis entre os poderes, o presidente fez questão de negar que exista qualquer tipo de bronca entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Pelo contrário, Lula afirmou ter uma baita gratidão pela relação construída com deputados e senadores, minimizando as divergências. "Deixa eu falar uma coisa para o Congresso, porque parece que tem uma guerra entre o governo e o Congresso. Eu sou muito agradecido à relação que eu tenho com o Congresso Nacional. Até agora, nesses dois anos e meio, o Congresso aprovou 99% das coisas que nós mandamos ao Congresso", disse.
A fala apaziguadora do presidente, no entanto, ocorre logo após uma pechada significativa com os parlamentares: a derrubada de seu decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nos bastidores, a reação do governo foi autorizar a Secretaria de Comunicação (SECOM) a orquestrar, junto a influenciadores digitais, uma campanha de pressão contra o Congresso, reavivando o discurso de "pobre contra rico" e aprofundando a polarização que sua campanha prometia combater em nome da pacificação e do "amor".
Essa estratégia de "morde e assopra" evidencia a complexa dinâmica política atual. Ao mesmo tempo em que Lula estende a mão ao Legislativo em declarações públicas, o governo articula manobras de pressão para reverter derrotas e impor sua agenda. O anúncio sobre 2026, nesse contexto, serve tanto como um balão de ensaio para sua candidatura quanto um lembrete de sua força política, enquanto navega em uma relação de dependência e confronto constante com o Congresso Nacional.
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