O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), rebateram nesta quinta-feira (8) a nota divulgada um dia antes pelo Ministério da Defesa e as Forças Armadas. Segundo eles, as investigações não vão parar em razão de intimidações.
Renan afirmou que a nota enviada pelo minsitro da Defesa, Walter Braga Netto, e os três comandantes é "inusitada". "Essa comissão parlamentar de inquérito, uma instituição da República, não pode ser ameaçada sob pretexto nenhum. Nós estamos tirando a máscara de um esquema que funcionava no Ministério da Saúde que proporcionou o agravamento do número de mortes de brasileiros em função da covid."
O relator disse que se os responsáveis forem civis ou militares, eles serão apontados. "As instituições não estão sendo investigadas. Mas não podem nos intimidar. Nós vamos investigar haja o que houver."
Segundo ele, se militares estão por trás do que chamou de "morticínio", isso não contamina as Forças Armadas.
O vice-presidente da CPI foi no mesmo tom e disse que nenhuma instituição ou grupo vai frear os trabalhos de investigação.
"Ninguém vai intimidar essa comissão. Sejam robôs milicianos digitais que tentam atacar a honra de membros dessa comissão ou eventuais notas que não correspondem à integridade das Forças Armadas desse país", afirmou.
"Nós estamos vendo aqui a responsabilidade do senhor coronel Elcio Franco. Atitudes como a desse senhor envergonham as Forças Armadas", destacou.
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pivô do mal-estar com os militares na quarta-feira, preferiu se calar sobre o assunto nesta quinta.
Em nota, o MInistério da Defesa reagiu na quarta-feira chamando de acusações irresponsáveis os comentários de Omar Aziz sobre alguns militares do governo federal.
"As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro", escreveram o ministro da Defesa, Braga Netto, e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, general Paulo Sérgio, tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, e o almirante Almir Garnier Santos, respectivamente.
Após a divulgação do texto do ministério, Aziz cobrou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em plenário, uma posição firme contra o que chamou de "nota desproporcional".
"Vossa excelência, como presidente da Casa, deveria dizer isso: eu não aceito que intimide um senador da República", cobrou o senador do Amazonas.
Pacheco, no entanto, respondeu dizendo confiar na comissão e ter o desejo para que ela tenha um "caminho virtuoso de soluções e apurações". Sobre os militares, afirmou que considerava o assunto encerrado. "Quero, em nome do Senado Federal, render o meu mais profundo respeito às Forças Armadas."
O incidente aumenta o desgaste de presidente do Senado com a CPI da Covid, comissão que ele ainda não definiu se vai ser prorrogada.
"Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo", disse Aziz.
Na ocasião, ele citou os presidentes da ditadura militar, João Figueiredo e Ernesto Geisel, como exemplo da integridade dos militares, dizendo que os dois morreram pobres. "E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, coronel Guerra, coronel Elcio, general Pazuello e haja envolvimento de militares", completou.
Leia a carta das Forças Armadas enviada ontem após críticas de Aziz aos militares:
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